Por que vemos nossa imagem refletida no espelho? Quais são os novos modelos cosmológicos? Por que um satélite não se precipita no solo como uma pedra? Como ensinar e aprender a física moderna? Entre o dia 17 e 21 de setembro a VII Semana de Física, promovida pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), vai agitar mentes e espíritos tentando encontrar e analisar as respostas para essas e muitas outras perguntas. Minicursos, palestras, filmes e vídeos fazem parte da programação
Professores e alunos do ensino médio, comunidade universitária, interessados pela Física (do grego physis, ‘natureza’) e curiosos em geral, terão a oportunidade de saber mais sobre a ciência que cresce, se modifica e fica mais complexa dia-a-dia. Na opinião do coordenador do evento, o professor e doutor Holokx Abreu Albuquerque, é uma oportunidade de aprender conteúdos importantes de forma lúdica e agradável. Segundo ele, iniciativas deste tipo contribuem na formação de um senso comum mais crítico. “Por mais viajantes que sejam as teorias físicas, elas sempre apontam para uma visão questionadora do mundo e da realidade”, enfatiza.
Apesar de ser considerada uma das bases fundamentais na formação científica, a física, muitas vezes, não é ensinada corretamente. A utilização dos conceitos e das leis normalmente fica apenas no quadro negro e nas provas. Nas situações diárias o senso comum continua prevalecendo e muitos estudantes, principalmente os do ensino médio, acabam cultivando uma certa aversão ao conteúdo.
Para Holokx, isso acontece porque a física fica reduzida a uma porção de fórmulas e passa a idéia de ser matemática pura. “Na verdade, estamos falando de uma disciplina que trata dos fenômenos da natureza, a matemática é somente uma ferramenta de análise, mas o processo parece estar invertido”, esclarece.
O primeiro palestrante da semana foi Antônio de Pádua Magalhães, professor da Unileste, de Minas Gerais. Logo após a solenidade de abertura, ele falou sobre os mitos no ensino da física. A idéia da palestra era desmistificar a história da ciência, normalmente abordada como um amontoado de datas, valorizando a evolução das idéias e provocando os presentes a pensar sobre como o estudo da história da ciência pode influênciar o ensino da ciência. De acordo com Antônio, a relação do conhecimento físico com a sociedade é inegável, ambos se alteram mutuamente e isso precisa ser debatido.
Recentemente, a comunidade científica redefiniu as condições necessárias para um corpo celeste ser considerado planeta. Mas, afinal, o que muda com estas novas definições e com a emergente configuração do sistema solar? Na terça-feira, o professor e doutor Kilder Leite Ribeiro discute alguns destes critérios adotados e comenta a redefinição da idéia de planeta. O ensino da física e a biomecânica também serão temas de palestras.
Dentre os seis minicursos oferecidos, Holokx destaca os de Física do Circo e de Física de Alta tensão. Ambos são resultado da disciplina de prática no ensino da física e serão ministrados por acadêmicos da Udesc. Analisando o movimento e os giros dos acrobatas ou tomando como exemplo os postes de energia elétrica, eles buscam mostrar a aplicação da física no dia-a-dia, aproximando a ciência das vivências cotidianas.
Susan Aparecida Laufer, acadêmica do quarto período de Física, se inscreveu no minicurso de Física da Música e da Fala e no de Fundamentos de Física Quântica. Ela prestigiou o evento no ano passado e considera a experiência muito importante.“Eu acho que todos deveriam participar, independente da formação, pois sempre acaba havendo um acréscimo na cultura da pessoa”, diz.
Qualquer cidadão que detenha o mínimo de conhecimento científico pode ter condições de utilizá-lo para interpretações do mundo e da sociedade. As estruturas físicas, uma vez aprendidas, permitem uma melhor compreensão da natureza e dos processos tecnológicos. Saber o porquê dos objetos cairem no solo (ao invés de ficarem suspensos no ar), o que é a luz, o calor, a onda magnética e o quark; compreender com funcionam a televisão e uma central nuclear, tudo isto serve para nos fazer sentir mais participantes no complexo mundo em que vivemos.