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Matéria 4782, publicada em 31/08/2007.


Pintando com Luz: um novo olhar sobre o Festival de Dança

Lorena Trindade


O anexo 2 da Cidadela Cultural Antártica abriga, desde 14 de agosto, a exposição Pintando com Luz, do fotógrafo Peninha Machado. Uma seleção de 30 peças compõe a mostra. A ousadia do criador fez com que criatura tomasse forma surpreendente. Utilizando uma técnica já conhecida, ele experimentou — enquanto fotografava o Festival de Dança de 2006 — juntar longos tempos de exposição a sutis movimentos da máquina. Ao passar as fotos para o computador, acabou gostando do resultado. Em 2007 Peninha estava de frente para a boca do palco novamente, mas desta vez passou de experimento. Transformou-se em objetivo.

A câmera não precisou congelar o movimento. Ela o registrou pintando uma dança diferente, sem nítidas expressões faciais ou corporais. Será pincel e tinta à óleo sobre tela? Perguntaria aquele que entrasse no galpão pela primeira vez sem saber quem é Peninha. Se começasse pelo lado direito do espaço, certamente continuaria confuso acreditando tratar-se dos traços de um pincel. Mais alguns passos e tentaria desvendar face e músculos dos bailarinos. Após observar as obras, já sabendo da legitimidade das fotografias, a dúvida persistiria em permear a razão.

Peninha não sabia qual suporte utilizar para expor as fotografias. A tentativa de revelá-las em papel de foto não o agradou. Um tempo depois da primeira experiência, o fotógrafo visitou uma feira de novas tecnologias e observou imagens sendo impressas em lona. A coincidência o encontrou dias mais tarde. Peninha registrava uma reunião na fábrica de tecidos Döhler e o diretor, Udo Döhler, divulgou a criação de um tecido de poliéster próprio para impressão digital. Ali estava o material que ele procurava.

Após tratar as imagens e selecioná-las, com o auxílio do artista plástico Carlos Franzói, o fotógrafo apresentou a proposta a Udo Döhler. “Mostrei para ele, num telão, como seria impresso em tamanho real”, disse. Segundo ele, o empresário gostou muito do trabalho, mas teve dúvida quanto ao sucesso do experimento. Peninha fez mais um teste, pediu que a empresa lhe fornecesse 2m20 de altura por 1m40 de largura do tecido e imprimiu uma das imagens com o apoio da J.set´s Impressão Digital. “Ficou muito bonito”, contou com entusiasmo. Após estas etapas, as parcerias e os patrocínios foram firmados.

A paixão pela fotografia nasceu em 1974. Peninha iniciou sua carreira no jornal A Notícia. Fotografou em preto e branco, passou pela novidade da foto colorida em jornais e chegou até hoje, às máquinas digitais. Ele não ignora a tecnologia, pelo contrário, tenta adaptar-se. Uma prova da adaptação à digitalização da fotografia é o material utilizado para a montagem da exposição. “A tecnologia traz muitos benefícios”, completou.

Na noite de abertura de Pintando com Luz, Peninha pode se deparar com diferentes reações. Embora um colega tenha comentado que as fotos pareciam estar borradas, ele observou que grande parte do público ficou surpreso com o resultado. Assinaram o livro de visitas fotógrafos, acadêmicos, jornalistas e artistas plásticos. Entre eles estava Juarez Machado. As fotos custam de R$ 1,3 mil a R$ 1,5 mil.  

Ele espera que a exposição sirva para que mais pessoas utilizem a técnica. O fotógrafo elogia sua própria obra, “olha como ficou bonita”, disse ele e apontou para um dos quadros.

A exposição segue até o dia 12 de setembro, das 9 às 17 horas, de segunda a sexta, e das 11 às 17 horas aos sábados e domingos.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.