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Matéria 4587, publicada em 08/08/2007.


Nova leva de "tutorandos" conta com 25 alunos

Eva Croll

Eles não cumprem toda a carga horária da disciplina, nem precisam aguardar o sinal para entrar na sala de aula. São os chamados “tutorandos”. Só neste semestre, 25 alunos de comunicação social — 13 de publicidade e 12 de jornalismo — fazem parte desta tribo. Um aumento em relação ao início do ano, quando 15 acadêmicos cursaram tutorias.  

Segundo o coordenador do curso de publicidade e propaganda, Pedro Ramirez, para se cursar uma tutoria no Bom Jesus/Ielusc é preciso que o aluno se encaixe em pelo menos uma destas situações: primeiramente, o acadêmico deve ser remanescente de grades anteriores, que exigem a conclusão de matérias que já não existem no currículo atual; segundo, estar cursando o último semestre de seu curso (podendo, então, adiantar no máximo duas disciplinas). Não se encaixando em nenhuma dessas duas exigências, há a opção de encaminhá-lo para uma análise individual, como aconteceu com Monique Bione, aluna transferida do curso de jornalismo da Federal de Tocantins em 2003, que conseguiu a tutoria por participar do Programa de Financiamento Estudantil (Fies). Segundo normas do plano, ela deve concluir o curso até o final deste ano. Existe, também, uma quarta alternativa, especialmente para os que repetirem Monografia I: a disciplina, oferecida no sétimo semestre, também poderá ser cursada no oitavo. 

Mas, afinal, existe alguma diferença no rendimento dos alunos que cursam tutorias? Para o professor Silnei Soares, que lecionará duas neste semestre — Semiótica em publicidade e Meios de Cinema e Vídeo em jornalismo —, essa questão “depende apenas da postura do aluno”. Falando nisso, ele recorda o episódio em que reprovou um “tutorando” por falta. Silnei acredita que o fato de o acadêmico ter a atenção do professor focada em seu desempenho pode gerar uma pressão tanto positiva quanto negativa. “A tutoria é uma exceção”, explica, “logo, exige adaptação”.

Marco Aurélio Braga, que iniciou o curso de jornalismo em 2000, é aluno da primeira grade curricular. Neste semestre ele cursará Filosofia da Ciência, matéria extinta na grade atual. Para Marco, atualmente repórter do jornal A Notícia, não há outra alternativa senão cursar tutoria, e ele não reclama. “Passei do tempo da sala de aula”, brinca. Além disso, o acadêmico classifica a possibilidade como mais rápida e proveitosa, principalmente por questão de tempo (tutor e “tutorando” podem marcar a aula para o horário que melhor lhes convierem).

Bruna Nicolao, estudante do oitavo período de jornalismo, também simpatiza com a idéia de ser “tutoranda”. Ingressante da turma de jornalismo de 2003, ela trancou o terceiro semestre em 2004. “Não sabia se realmente era jornalismo o que eu queria”, explica. Mas Bruna venceu a dúvida, e voltou a se matricular no curso no período seguinte, o que a fará cursar duas tutorias neste semestre. “É uma ótima idéia para que a gente se forme antes”, diz, após declarar que acha que os encontros exigem maior responsabilidade do aluno, que não pode deixar de ler os textos propostos, já que o debate será somente entre ele e o professor. Cumprindo as duas tutorias, Bruna poderá se formar em maio do ano que vem. Caso contrário, ela teria que esperar o início do próximo semestre para cursar as matérias, oferecidas em períodos ímpares.

Analisando o controle de tutorias a partir do ano de 2005, pode-se concluir que os números não seguem nenhuma tendência. Em 2005/01 houve a maior quantidade de "tutorandos": trinta, sendo dezenove de jornalismo e onze de publicidade. No semestre seguinte, o número baixou para oito, apenas de jornalismo. Já no primeiro período de 2006 foi a vez de sete alunos de publicidade cursarem tutorias. No segundo, dezenove acadêmicos estavam matriculados (dez de jornalismo e nove de publicidade).

Afinal, o que são as tutorias?

A expressão, que remonta suas origens ao século 15, era o nome dado às aulas ministradas por sábios, que apenas as famílias mais abastadas podiam pagar. Numa época em que não havia escolas, esta era uma das únicas maneiras de aprendizado, e os alunos eram exclusivamente os filhos da nobreza. Seis séculos depois, a mesma expressão é aplicada nos sistemas de ensino para designar uma alternativa para alunos que deixaram matérias para trás. Com as tutorias, acadêmicos retardatários podem cursar disciplinas que faltam em seu histórico escolar sem precisar aguardar o semeste em que são ofertadas.


Imagem retirada do site www.nagel-net.de/icons/lehrer.gif

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