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Matéria 4562, publicada em 01/08/2007.


:Eva Croll

Cônsul fala no auditório lotado do Ielusc

Debate discute não-renovação da RCTV

Eva Croll

No debate sobre liberdade e responsabilidade da imprensa na noite de ontem (31/7), as cerca de 200 cadeiras dispostas no anfiteatro não foram suficientes. Os fundos e o corredor esquerdo foram tomados por parte do público, composto pela comunidade acadêmica, integrantes de associações de moradores, do Centro de Direitos Humanos de Joinville e do Movimento das Fábricas Ocupadas.

O evento, marcado para as 19 horas, começou com 20 minutos de atraso. O primeiro a falar foi o cônsul geral da Venezuela no Brasil, Jorge Centeno. Além dele, faziam parte da mesa de discussões o coordenador do curso de jornalismo, Samuel Lima; a diretora do Departamento de Relações Institucionais da Fenaj, Valci Zuculoto; a cônsul do Turismo da Venezuela no Brasil, Laura Graffe; o vereador Adilson Mariano (PT); o advogado do Movimento das Fábricas Ocupadas, Francisco Lessa; e o representante do Centro de Direitos Humanos de Joinville, Luiz Ruppe. O fio condutor das discussões foi a não-renovação da concessão da Radio Caracas Televisión (RCTV). A emissora fundada há 54 anos saiu do ar em 27 de maio por decisão do presidente Hugo Chávez, sob o pretexto de que a rede teria apoiado um golpe que o tirou brevemente do poder, em 2002, e, além disso, estaria veiculando programas com cenas de sexo e violência.

O cônsul justificou a decisâo de Chavez argumentando que a medida visava democratizar a comunicação na Venezuela. Ele explicou que o sinal ocupado pela RCTV será utilizado por canais de serviço público, conforme o Estado venezuelano previa desde o ano 2000, quando começou a desenvolver um modelo de comunicação mais democrático. Centeno exibiu um vídeo com depoimentos de telespectadores e ex-empregados da RCTV contrários à emissora. Logo depois, foi aberto o debate, que gerou questões a respeito da contradição do discurso democrático de Centeno. O cônsul respondeu aos questionamentos sem nenhum indício de irritação, e caracterizou a RCTV como fascista e inimiga da Venezuela. “Mostrar mentiras como sendo verdades é fascismo, não tem outra explicação”, justificou, relembrando o episódio do golpe de 2002.

Previsto para terminar às 21h, o debate acabou prorrogando-se até as 22h30. Se, para alguns, as rodadas de perguntas e respostas estavam parecendo entediantes, este marasmo foi quebrado às 21h20, quando o microfone passou às mãos de Francisco Lessa. Demonstrando insatisfação com a academia, ele caracterizou como “enfadonhas” todas as perguntas que haviam sido feitas até então. Centeno procurou resgatar a linha de discussão declarando que “a juventude do Brasil é fogosa como a da Venezuela”.

Meia hora depois, o estudante do segundo período de jornalismo e presidente do Diretório Acadêmico Jean Knetschik fez uso do microfone para contrapôr a opinião enérgica do advogado, classificando-a como indelicada e pouco proveitosa, o que rendeu uma série de aplausos. Luiz Ruppe e Adilson Mariano, que ainda não tinham se manifestado, fizeram breves considerações.

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