A discreta sala C29 sustenta ao lado da porta uma plaquinha que quase passa despercebida. Ela indica: Apoio Psicológico. Poucos sabem que este serviço é oferecido gratuitamente pela instituição. Direcionado não só para acadêmicos como também para funcionários, o apoio tem o objetivo de auxiliar quem esteja passando por dificuldades que possam interferir no rendimento escolar e em outras atividades.
Segundo Maria Aparecida, este ano a procura pelo serviço cresceu em relação a 2006. Os acadêmicos que mais têm buscado o apoio são de enfermagem e jornalismo. Macica, como é mais conhecida, explica que a divulgação do trabalho ocorre através do boca-a-boca. “A maior parte”, completa, “me procura por indicação de um amigo que já veio”. A queixa inicial da maioria dos alunos é estresse, seguido de desmotivação geral e insegurança, ou seja, quando percebem que não tem o perfil da profissão. Cerca de 26,4% (ver tabela) de todos pacientes se queixam primeiramente de estresse. As causas desse mal normalmente estão ligadas à família, trabalho e estudos.
No ano passado a psicóloga encaminhou sete pessoas para o tratamento psiquiátrico. Todos os casos eram de transtorno depressivo. Macica só indica aos pacientes um tratamento com medicamentos quando percebe que se trata realmente de depressão ou outras doenças mais graves. Ainda que essas pessoas estejam se tratando com um psiquiatra, elas normalmente continuam freqüentando a sala da psicóloga. Ela ressalta a importância da aceitação do acompanhamento médico. “Alguns ainda acham que psiquiatra é médico para louco”, explica.
Este ano Macica ainda não recolheu os dados do apoio, pois costuma fazê-lo apenas no fim de período letivo. Porém, os números de 2006 mostram os estudantes de jornalismo e enfermagem representando, respectivamente, 21 e 26% (ver gráfico) do público da psicóloga.
A coordenação dos cursos não costuma acompanhar os resultados do tratamento, embora o indique aos alunos. A psicóloga conta que muitos acadêmicos a procuram no momento em que estão fazendo a monografia. Se o estudante não consegue desenvolver o trabalho, é feita uma busca em torno dos motivos. “Às vezes se descobre uma morte na família”, lembra Macica, “que pode parecer não estar relacionada, mas geralmente está”.