Pedestres se esquivando de poças d'água, guardas-chuva das cores e tamanhos
mais variados e o céu escuro que, com cara de poucos amigos, não promete nada
além de mais chuva. A cena não parece incomum aos olhos dos joinvilenses que,
acostumados desde sempre com o clima úmido da cidade, estão há mais de uma
semana convivendo com a chuva. Segundo a Estação Meteorológica da Univille, só
no período de 15 a 21 de maio o índice pluviométrico foi de 101 mm, enquanto que
durante o mês inteiro de abril o volume chegou a 112 mm.
Nesta época, ao andar pela região central de Joinville acompanhado por um
guarda-chuva, deve-se tomar cuidado para não ser alvo da água espirrada pelos
carros, quando passam por cima das poças tangentes às calçadas. Principalmente
se for na esquina das ruas Itajaí e Nove de Março, ponto mais baixo do centro. A
informação é de Jonatas André, coordenador da Defesa Civil municipal. Segundo
ele, o alagamento ocorre toda vez que o rio Cachoeira atinge a marca de um metro
e 90 centímetros a dois metros acima do nível do mar, e é produto da associação
dos fatores maré alta e chuva. O instrumento utilizado nas análises é a tábua de
marés, montada de acordo com os dados fornecidos pelo medidor instalado no porto
de São Francisco do Sul.
O rio, que corta a área urbana e deságua na Baía da Babitonga, preocupa
também o gerente da lanchonete Magrão. Segundo Gildo Corrêa, responsável pela
casa desde 2002, o estabelecimento, que tem os fundos voltados para o Cachoeira,
nunca foi inundado em 26 anos. “Nós jogamos com a sorte”, afirma Gildo, que,
mesmo otimista pelo fato da água nunca ter invadido o local, não descarta a
possibilidade da inundação. Ele afirma já ter visto o rio alcançar a altura da
ponte que liga a avenida Beira Rio com a rua Hermann Lepper, dando a sensação de
que a edificação pairava sobre a água. Isso aconteceu no ano passado e foi
quando o Magrão ficou mais perto de ser invadido. No entanto, o Cachoeira não
representa a mesma ameaça para Elisa de Araújo e Katiane Rangetti, moradoras do
edifício ao lado do rio há um ano. “As pessoas que moram aqui há mais tempo nos
disseram que não tem perigo”, se justificam as habitantes do primeiro andar.