Alguns barulhinhos não são tão bons, nem soam como música para o ouvido de ninguém. A biblioteca Castro Alves e os laboratórios de informática I e IV comprovam isso. Quem utiliza esses espaços sabe o quão incômodo são os ruídos produzidos pelos ventiladores e condicionadores de ar. Embora pareçam inofensivos, os barulhos que atormentam a cabeça dos alunos e professores podem causar danos à saúde.
A fonoaudióloga Marineide Cruz utilizou um decibelímetro — modelo Radioshak — para medir o nível de pressão sonora nos dois laboratórios de informática, e verificou aproximadamente 67 decibéis (dB) em cada um. Segundo ela, esse nível de ruído não causa doenças auditivas, mas atrapalha a concentração dos usuários e prejudica os professores que, ao tentarem competir com as máquinas, podem adquirir doenças vocais. Nos laboratórios I e IV os condicionadores de ar produzem um barulho ainda mais forte por estarem fixados nas janelas de vidro. Para um resultado mais preciso, Marineide sugeriu a vinda de um engenheiro de segurança do trabalho à instituição.
Osmar João de Mello, ao fazer a medição no laboratório IV, constatou que os ruídos — produzidos pelos dois ar-condicionados e pelo bracket para equipamento de rede — estavam “fora da área de conforto”. O decibelímetro utilizado pelo engenheiro de segurança do trabalho mostra as faixas de freqüência sonora, portanto, é mais preciso do que o aparelho utilizado pela fonoaudióloga. Ele explica que o som captado no laboratório IV, aproximadamente 67,5 dB, se equipara ao resultado de pessoas falando em um ambiente fechado. Mas o ruído produzido pelas máquinas incomoda mais por ser grave e freqüente. Mesmo assim, segundo a norma de segurança do trabalho, abaixo de 80 dB o ambiente de trabalho não pode ser considerado insalubre.
Numa segunda medição, na biblioteca e no laboratório I, o engenheiro utilizou um outro tipo de aparelho, capaz de medir os níveis de pressão sonora — audiodosímetro micro-15 da marca Quest. A silenciosa Biblioteca Castro Alves deixa de ser adjetivada desta forma quando os ventiladores são ligados. Dignos de heliportos, eles produzem o maior volume sonoro na sala de estudos reservada, com aproximadamente 56,3 dB. Já na sala de literatura os ventiladores de teto não são tão escandalosos, resultando em apenas 30 dB. A sala maior apresenta uma medida surpreendentemente menor do que o da sala reservada, com 43,9 dB. E por fim o laboratório I, que, com condicionadores de ar nada discretos, chega a 53,5 dB.
Maricléia da Cunha, auxiliar de biblioteca, conta que no verão os usuários costumam reclamar. Quando as auxiliares reduzem a velocidade dos ventiladores para que façam menos barulho, os estudantes se queixam do calor. “Ninguém consegue ficar nas salas menores, elas são muito quentes”, afirma. Como dentro do espaço de estudos costuma ficar abafado, os alunos optam pelos bancos do pátio e pelo quiosque, mais próximo das árvores. Segundo Maricléia, a instalação de condicionadores de ar já foi solicitada, mas até agora a instituição não teve condições para a aquisição.
O ex-aluno de jornalismo Amauri Abe disse que o barulho dos ventiladores sempre o incomodou. O orientador de sua monografia foi o professor Juciano Lacerda. Portanto, se reuniam no Necom, e não na biblioteca como costumam fazer orientadores e orientandos. Ele acredita que o nível de atenção dos alunos pode ser prejudicado devido ao ruído dos aparelhos de ventilação. “Existem pessoas que conseguem estudar ouvindo rock, mas esse barulho chato atrapalha a concentração”, completa. Para ele existem dois lugares que devem ser mais silenciosos na instituição: a biblioteca e os laboratórios de informática.
Tanto o engenheiro de segurança do trabalho quanto a fonoaudióloga afirmaram que a instituição deve priorizar esses três ambientes para a colocação de refrigeradores de ar modelo split.
O assessor administrativo da direção, Lívio Zaro, disse que a instituição ainda não tem previsão para a padronização dos ar-condicionados em todos os espaços. Mas a prioridade serão as salas de aula.