Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 4125, publicada em 13/04/2007.


:Cláudia Morriesen

Tonalidade e brilho identificam as supostas moedas falsas

Polêmica das moedas falsas confunde joinvilenses

Cláudia Morriesen

A cena é de filme: o sujeito precisa de dinheiro, consegue uma nota de 50 reais e faz cópias perfeitas dela. Leva numa lotérica e passa por segundos de aflição imaginando as formas com as quais pode ser pego em flagrante ao tentar usar uma nota falsa. Parece estranho, mas as inocentes moedinhas que você tem no bolso e pretende usar para comprar um lanche antes da aula, na cantina ou numa lanchonete do centro, podem te fazer passar pelo ápice dessa situação: a frase “Sua moeda é falsa” está sendo repetida por várias bocas, em diferentes estabelecimentos da cidade.

Ninguém sabe onde começaram os rumores, mas nas últimas semanas os comerciantes joinvilenses têm tomado um cuidado especial ao receber moedas de R$ 0,50 e R$ 1,00. O motivo: moedas falsificadas nestes valores estariam circulando na região. As características para identificar as falsificações são simples. “A cor e o peso são as mais visíveis, mas eu trouxe um ímã de casa porque as falsas não grudam nele, as verdadeiras sim”, afirma Regina Franco, caixa da padaria Kibeleza, onde desde o início do boato todas as moedas são verificadas com um ímã de geladeira e devolvidas caso não passem no “teste”.

O Ielusc não é exceção. Nas duas últimas semanas a cantina e a reprografia têm rejeitado as moedas com coloração diferente e guardado aquelas identificadas como falsas. Na cantina, quatro unidades no valor R$ 3,50 são reféns da gaveta. “Eu não aceito, mas também não repasso as moedas”, conta “tia” Cida, dona da lanchonete. Na reprografia, cinco moedas de R$ 1,00 foram enviadas para a central da Selbetti junto com um pedido de ímã.

O acadêmico do terceiro período Tiago Santos passou por dois momentos constrangedores com sua moedinha de R$ 0,50. O primeiro foi na padaria Kibeleza, quando seu pagamento foi recusado sem explicação além da acusação de falsidade da moeda. Uma semana depois, outra, de R$ 0,50, foi devolvida, dessa vez na cantina do Ielusc. Agora, a moeda está guardada em casa para evitar confusões.

Origem

Em junho de 2002 o Banco Central iniciou a circulação de moedas de R$ 0,50 e R$ 1,00 com alterações no material para reduzir o custo de produção. Até então elas eram produzidas com cuproníquel no disco prateado e alpaca no anel dourado da moeda de R$ 1,00. Atualmente, elas são produzidas com aço inoxidável e a parte exterior é feita de aço carbono revestido com bronze. Por isso, a explicação mais aceita é de que as moedas de cuproníquel, devido ao tempo de circulação, estariam desgastando e assim ficando com a tonalidade e o brilho diferentes das moedas atuais.

O professor de química Francisco Martins, da Sociesc, explica que as moedas antigas, por serem feitas de cobre, não poderiam ter outro destino senão a mudança de coloração. “Quando você manipula muito o cobre, ele fica com uma cor mais escura. Imagina por quantas mãos passam essas moedinhas. É inevitável que depois de algum tempo elas percam a cor original”, analisa.

Já os bancos da cidade estão divididos na explicação do caso. Enquanto no Banco do Brasil é negada qualquer possibilidade de falsificação e apresentada a informação da mudança de material aos clientes aflitos, o Unibanco repete o sistema do comércio: aceita as moedinhas, mas todas passam pelo teste do ímã e são separadas de acordo com a aderência ao campo magnético. O gerente de atendimento Diogo Andrade conta que ele mesmo já chegou a ter uma moeda negada na hora da compra. Até o dia 12, no entanto, o banco não havia buscado nenhuma informação junto à polícia a respeito da (suposta) falsificação das moedas.

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