“O grande José Hamilton Ribeiro”, como foi chamado pelo mestre-de-cerimônias
do 5º Prêmio Docol de Jornalismo, entregue na terça-feira passada em Joinville,
não perdeu a majestade após a derrota inesperada — ficou em último lugar entre
os finalistas, atrás até mesmo da equipe da TV Senado (clique aqui para ver o resultado). Com a serenidade dos 75 anos e do
título de jornalista mais premiado do Brasil, ele confessou à Revi que ficou
surpreso por chegar à final, pois a reportagem, feita para o Globo Rural, tem
problemas técnicos.
José Hamilton não disse, mas quem é recordista em Prêmio Esso (ganhou sete
vezes) está obviamente dispensado de provar alguma coisa para alguém. Mesmo
assim, continua participando de concursos, ganhando
e perdendo. A saúde vai bem, a perna mecânica — que substituiu a de carne e
osso, perdida na cobertura da Guerra do Vietnã — não atrapalha, e o espírito
irrequieto está intacto. A palavra aposentadoria inexiste no seu vocabulário.
“Jornalistas como nós”, diz, referindo-se à velha geração, “só
abatendo a tiro”.
O veterano repórter demonstra um senso político, histórico e humanista da
profissão. Alheio a modismos, resgata o conceito de que jornalismo
é atividade política. Talvez por isso José Hamilton tenha acessos de
nostalgia e, depois de tanto tempo atuando em TV, sinta saudade
de trabalhar em veículos impressos, onde começou a carreira e ganhou
notoriedade.
Uma das saídas é escrever livros. O último, intitulado "O repórter do
século", reúne as sete reportagens ganhadoras do Prêmio Esso de Jornalismo
e mais uma sobre o Vietnã, publicada na revista Realidade. E embora Joinville
não lhe tenha dado sorte dessa vez, ele fez questão de dizer que gostaria
de lançar
o livro aqui. Afinal, suas pautas preferidas estão no interior, nas cidades
pequenas e médias como Joinville, e não nos grandes centros urbanos.