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Matéria 3947, publicada em 26/03/2007.


Boxistas querem tornar o mercado mais confortável e atual

Jouber Castro


Mercado Municipal Germano Kurt Freissler

Depois de 25 anos da última reforma, o Mercado Municipal de Joinville sofre com algumas mazelas da modernidade. Para os comerciantes de pequeno e médio porte que mantêm o mercado vivo, a maior delas é a concorrência. Fica difícil bater de frente com híper e supermercados, que têm estacionamentos maiores do que o próprio espaço físico da grande casa enxaimel, na esquina entre a avenida Paulo Medeiros e a rua Cachoeira, um dos pontos extremos do centro de Joinville.

“Nós, que somos pequenos comerciantes, acabamos engolidos”, diz Ronaldo Teixeira, diretor do Comércio de Peixes Classe A e presidente da Associação Social e Cultural dos Boxistas do Mercado Municipal. “No caso da nossa peixaria, só sobrevivemos porque somos uma cooperativa”. A grande modificação, para Teixeira, é a mudança do caráter do mercado. O que antes era um centro de distribuição de mercadorias tornou-se um centro de compras e lazer. E não pode parar no tempo, precisa urgentemente se adequar às novas necessidades e tendências. “Mas não podemos perder as nossas raízes, temos de respeitar a vontade dos comerciantes mais antigos, que sobreviveram a todos os altos e baixos”, argumenta Teixeira.

As reivindicações deles dizem respeito ao espaço físico do mercado. De cara, reformas no piso e na ventilação que adeqüem o ambiente às exigências do Corpo de Bombeiros. Tudo num sistema de parceria entre a associação e o Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Ippuj), para que a vontade dos boxistas seja consonante com as possibilidades do instituto. Afinal, atualmente o mercado emprega diretamente cerca de 180 pessoas, e é responsável pelo sustento de 600. Outra proposta dos que utilizam os espaços do mercado é uma melhor integração entre o mercado e a praça Hercílio Luz. “Acho que a praça deve ter apresentações e outras atividades. Nós temos de ter algo diferente de um supermercado”, fala Teixeira. Segundo ele, o mercado deve ser um espaço para produtos artesanais, naturais e culinários. “Acho também que seria bom uma casa lotérica e uma floricultura”. As grandes reclamações dos boxistas são o estacionamento (“Tem gente que pára o carro aqui e vai para o centro”); a falta de cuidado com os banheiros; o trânsito, que torna o acesso ao mercado difícil; e a poluição no rio Cachoeira. “Em dias de sol, o cheiro do rio se mistura com o dos peixes. Não há quem suporte”, reclama o presidente, que defende a dragagem do Cachoeira.

Mercado Municipal Germano Kurt Freissler

Após a reforma serão analisadas as carências do Mercado Municipal na questão da variedade de serviços. Detectadas as deficiências, será aberta licitação para novos comerciantes. “Digamos que alguém queira abrir aqui um restaurante alemão. Após o estudo do mercado, a pessoa vai contactar a Conurb [Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Joinville, responsável pela manutenção do espaço] e ela abrirá a licitação”, explica Teixeira. Esse processo é o mesmo para todos os boxistas atualmente. Eles pagam aluguel e condomínio, que engloba as faturas de água e energia elétrica. “Gastamos, todos juntos, atualmente, cerca de 40 mil reais por mês”.

Desde 1982, quando foi construído o mercado no seu formato atual, são poucos os lojistas que resistem a maremotos e calmarias. Além de Teixeira, que trabalha no mercado desde os 14 anos de idade, a lanchonete, o despachante marítimo e o barbeiro resistem há 25. “Mesmo com esse tempo todo, ainda acho que o controle não deveria ser da Conurb”, diz o comerciante conhecido no mercado como “peixeiro”. “O Mercado Municipal hoje se aproxima muito mais da Fundação Cultural, ou da Secretaria de Turismo”.

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Fotos: Jouber Castro

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