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Matéria 3874, publicada em 16/03/2007.


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Gigantes desafiam o comércio modesto

O coelho é capitalista

Roelton Maciel


- Coelhinho da Páscoa, o que trazes pra mim?
- Um ovo, dois ovos... 100 milhões de ovos assim!

Este ano, o coelhinho da Páscoa tem muito o que fazer. O dentuço produzirá quase um ovo de chocolate para cada brasileiro. Isto considerando apenas a produção nas maiores fábricas do ramo. São 21,4 mil toneladas de chocolate mecanicamente transformadas em mais de 100 milhões de ovos, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) – uma espécie de entidade protetora dos negócios pascoais.

Até o fim da safra, a Abicab espera que o orelhudinho empreendedor fature mais de R$ 685 milhões com a venda dos chocolates, 11% a mais do que na última páscoa. Para ir além, ele também reajustou o preço dos produtos em 5,5% este ano, levando em conta a inflação, o custo dos ingredientes e da mão-de-obra. No entanto, o aumento dos preços não denegriu a imagem do dentuço. Sem a ajuda de duendes ou renas, privilégio de gente como Papai Noel, ele precisa atentar para a realidade de mercado, obter lucro e contar com uma estrutura que atenda a enorme demanda. Anualmente, cada brasileiro come, em média, 2,5 quilos de chocolate – outro dado obtido pela Abicab.

Enquanto o abastado coelhinho comemora o sucesso de seus ovos, outros comerciantes, mais modestos, se mobilizam para enfrentar o monopólio do roedor. Marisa Borba, gerente do Chocolate Caseiro Joinville, acredita na originalidade dos seus chocolatinhos. Ela aposta em ovos e bombons personalizados com nomes e mensagens. “A criançada adora abrir o ovo e ganhar um brinquedo, mas não temos condições de fazer isso. Temos que combater essa concorrência de maneira mais criativa e original”, destaca. Marisa também aponta uma vantagem: “Nossos chocolates são mais grossos e os preços não sobem a toa”.

A Chocopp Chocolate Caseiro, do empresário Alexandre Copp, é outra franquia joinvilense nessa luta. Este ano, Alexandre tirou 12 coelhos da cartola: aumentou seu quadro funcional de 24 para 36 funcionários. Juntos, eles devem produzir cerca de 4 mil ovos até o fim da Páscoa. Se comparado às grandes fábricas, o número é inexpressivo. Porém, o lucro obtido pela casa tende a ser investido na cidade e gera mais empregos, além de diminuir em algumas cifras o montante no porquinho do coelho.

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