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Matéria 3808, publicada em 09/03/2007.


Uma fornalha chamada Joinville - As roupas encolhem no norte catarinense

Jouber Castro


Ninguém aguenta mais. A última semana em Joinville, especialmente, foi de tardes escaldantes – no sentido verdadeiro da palavra, já que o suor que escorre abundante ajuda a “cozinhar” os miolos dos aborígenes – e teve muitas noites inacreditavelmente quentes, que proporcionaram muitas roladas na cama aos pobres mortais que não têm ar condicionado em seus quartos. Mas o maior fenômeno causado pelas temperaturas acima de 30°C pode ser percebido nas ruas. As roupas de Joinville encolheram! Tudo bem, a brincadeira era irresistível. Mas o calor diminui mesmo o comprimento das saias, torna calças mais curtas, arregaça as mangas e aumenta os decotes. Tudo pelo conforto e por um pouco mais de frescor nas atividades cotidianas.

Há quem diga que essa elevação já é um efeito do aquecimento global. Joinville, que fica quatro metros e meio acima do nível do mar, ainda não começou a sofrer com a subida das marés, que deve inundar cidades litorâneas - a cada ano o mar sobre quatro milímetros. Mas os nossos habitantes já vêm se prevenindo. Para evitar o encharque de suas barras com a água salgada que sobe, as bermudas têm sido a opção mais utilizada, tanto por homens quanto mulheres. Os modelos são variados: algumas abaixo dos joelhos, outras mostrando as coxas desnudas. Umas muito frouxas e soltas, outras justas, para mostrar os torneios dos quadris femininos. O fato é que algumas moças aproveitam a ocasião calorenta para mostrar seus dotes físicos, tornando o centro de Joinville uma grande passarela para que as beldades da terrinha exibam sua beleza na nossa cidade, que virou paraíso tropical.

O calor, alguém já deve ter dito, é o templo das ousadias. Saias, saiotes, minissaias, decotes “v”, decotes “gota”, frentes únicas, bustiês, todas são figurinhas carimbadas nas ruas, para deleite dos observadores femininos de plantão. A beleza corporal, realçada no verão não só pelo vestuário, mas também pelo bronzeado e pelos acessórios (pulseiras, gargantilhas, óculos escuros, só para citar os mais comuns) faz as beldades joinvilenses planarem pelas calçadas mais pomposas, pisarem firme e jogarem charme. Já tem gente brincando que, na era da tecnologia com componentes cada vez menores, a brasileira inventou a nanossaia, que, por puro artifício da moda, deixa a “curvinha” do bumbum à mostra. Mas o melhor do verão é que ele não é só para as beldades. As calças corsário, por exemplo, são uma opção mais fresca para quem acha que não está nas suas plenas condições físicas para atrair o sexo oposto, ou impressionar os semelhantes do mesmo gênero.

As roupas encolheram, isso é fato. Agora vem o desafio: encontrar nos caminhos calorentos do centro de Joinville uma pessoa trajando calça comprida e camisa de mangas longas. Mas é necessário fazer uma advertência a quem se propuser ao desafio: não vale mangas arregaçadas – artifício muito utilizado por pessoas que não podem abrir mão de um traje mais formal no seu trabalho. Enquanto ninguém aparece vestido da cabeça aos pés, nós vamos tentando nos esquivar do calor com menos pano, até quando São Pedro decidir colocar menos lenha na fornalha chamada Joinville.


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