Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 3694, publicada em 26/02/2007.


"Fantástico?" – "Ainda não"

Felipe Silveira


Jornalismo em televisão propõe algo diferente a quem o faz. Fatores como velocidade, dinamismo, imagem e transmissão ao vivo são alguns responsáveis por essa singularidade. Na véspera do dia do repórter, a Revi acompanhou a jornalista da RBS TV de Joinville, Letícia Corioletti, para mostrar um pouco das características de um vídeo-repórter.

Às 14 horas a jornalista chega à redação para fazer as matérias do turno vespertino. Mais um dia comum, se não fosse a surpresa de ter um bolsista do Ielusc a registrar todos os seus passos neste dia 15 de fevereiro. Assim que o editor-chefe volta do almoço, Letícia recebe as pautas. A primeira, das duas matérias que a jornalista faz por dia, é sobre uma apreensão de drogas pela polícia federal. E lá vai a equipe: Letícia e Dino Brito, um repórter cinematográfico com quase trinta anos de jornalismo nas costas, aliás, nos ombros (o direito ele já não usa mais para o trabalho, resultado da rotina de erguer e segurar a câmera com aproximadamente nove quilos).

Assim que chegam à delegacia, a repórter vai direto à sala do delegado. Com algumas perguntas já elaboradas, ela levanta as informações relevantes sobre a apreensão e sobre o tráfico na cidade. Enquanto isso, Dino Brito acerta os últimos detalhes da câmera e faz imagens do entrevistado. São gravadas duas perguntas rápidas. Na saída é feita uma passagem com ângulo já definido previamente pela experiência do cinegrafista. Volta-se à redação para ser feita a edição. Jornalismo de televisão é muito rápido. A matéria vai ao ar no noticiário da noite e ainda há uma matéria a fazer. Na TV o tempo é o patrão.

Uma característica comum aos jornalistas de televisão é a paixão que eles têm pelo trabalho. Letícia diz querer ser repórter de TV desde que entrou na faculdade e agora faz parte do grupo RBS. Dino Brito trabalha atrás das câmeras há quase três décadas e ainda se sente bem — e achar alguém que gosta da função que desempenha por tanto tempo não é algo tão corriqueiro. Sobre essa vontade de fazer e crescer, e como adquiri-la, não há referência nos manuais de redação, assim como não é exclusividade desses profissionais, mas são desejos que ficam claros em atitudes como nesta anedota entre repórter e entrevistado, quando ele, em tom de brincadeira, perguntou: “E essa aí (matéria), é pro Fantástico?”. E numa resposta que parecia até estar pronta imagina-se uma promessa de Letícia: “Ainda não”.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.