Eram 8h05 do dia 15/2, mas as portas de vidro e madeira sobrepostas que 
dariam acesso à Rádio Educativa 
Udesc FM (91,9) continuavam trancadas. Minutos depois, eis que surge 
Erivellto Amaranth, acadêmico do Bom Jesus/Ielusc e bolsista da rádio. 
Carregando alegremente uma mochila nas costas e as chaves em uma das mãos, 
dirigiu-se à entrada alternativa, localizada no corredor estreito ao lado. 
O estudante de jornalismo passa as manhãs só, cuidando dos aparatos, fazendo 
previsões do tempo e editando programas, além de atender um 
telefonema aqui e outro ali. Já passava um pouco das 8h30 e a temperatura era de 23 graus quando fez a primeira 
previsão. E o friozinho na barriga de falar ao vivo para toda a região Norte? “Já 
acostumei”, garante Erivellto, que completará um ano de estágio em abril. As 
condições do tempo são oferecidas pela Climerh/Epagri, serviço de meteorologia 
por telefone exclusivo para a imprensa. Por ser uma rádio de cunho educativo, o locutor explica que as 
previsões devem ser anunciadas e comentadas, para que o ouvinte entenda o comportamento do tempo.  
Ao prosseguir com a programação da manhã, nada melhor do que um bloco de 
músicas. No caso da rádio Udesc, MPB intercalada com jazz e blues pode ser 
ouvida durante o dia. Já à noite, os gêneros são diversificados: rock e trilhas 
de novelas e filmes substituem as músicas tranqüilas que embalaram o resto do 
dia. Erivellto seleciona algumas das mais de 20 mil músicas armazenadas no 
computador do estúdio, procurando sempre divulgar seus nomes antes de tocá-las. 
“Quando não fazíamos isso, várias pessoas ligavam para a rádio para saber que 
música era aquela que tínhamos acabado de tocar”, explica o jovem, que é amante 
de MPB. 
Erivellto não é o único que mantém o estúdio funcionando. Tem a ajuda de mais 
quatro colegas que, assim como ele, recebem uma bolsa auxílio de 300 reais. 
Pricila Bornato, Cátia Hames, Felipe Steuernagel e Alan Kouson são alunos da 
Udesc e cumprem o turno da tarde na rádio. Pricila é responsável pela montagem e 
locução da agenda cultural; Cátia é programadora; Felipe faz o suporte de 
informática e locuções e Alan edita programas. Todo o trabalho da equipe é 
supervisionado pelo jornalista e coordenador da estação Paulo Roberto Santhias. 
Orgulhoso, o estudante conta que a rádio Udesc é a única de Santa Catarina 
que tem parceria com a Rádio França Internacional (RFI). Os programas são 
disponibilizados no site, e a tarefa do radialista é baixá-los, geralmente, com 
um dia de antecedência, sendo encaixados na programação do dia seguinte. Vão ao 
ar todos os dias, às 8h, e são noticiários temáticos, contendo informações da 
Europa, França e Brasil. Na opinião de Erivellto, as edições noticiosas 
enriquecem a programação, pois oferecem diversidade cultural – já aconteceu de, 
num deles, o repórter se despedir ao som de música egípcia – e pluralidade de 
informação, uma vez que a RFI tem parceria com rádios em todo o mundo. 
A rádio Udesc também veicula seu próprio boletim noticioso, que vai ao ar 
cinco vezes por dia: o Udesc Notícias. Outro destaque da programação é também o 
Conversa e Poesia, no qual são realizadas entrevistas com profissionais das mais 
variadas áreas. Na salinha ao lado do estúdio, uma lousa branca mostrava a 
programação da semana: na segunda, o assunto foi aquecimento global; terça, educação para adultos; quarta, teledramaturgia; quinta, carnaval de São Francisco; e sexta, carnaval de 
Joinville. Há um tempinho atrás, as edições eram veiculadas ao vivo. Agora são 
gravadas, em função de o entrevistador, Santhias, ter que passar parte do tempo 
em Florianópolis, onde exerce outras funções. Quando isto ocorre, o posto de repórter é assumido por Erivellto, que não deixa a dever. 
O bolsista conta qual foi seu maior esforço de reportagem nestes quase 12 
meses de experiência na rádio. Tudo começou com o surgimento do edital do Prêmio 
Unimed de Jornalismo, e com a idéia de Paulo Santhias: fazer um programa, em 
quatro edições, falando sobre sedentarismo. Sedentarismo nunca mais foi produzido ao longo de duas 
semanas. A construção da pauta se deu aos poucos e, no processo de produção da 
matéria, as fontes apareciam – segundo o repórter, mais de vinte pessoas foram 
entrevistadas -, desde coreógrafos a psicólogos. No fim, valeu o esforço: 
Erivellto ficou entre os três finalistas do Prêmio, além de ter passado pela 
experiência de lidar com a pluralidade de fontes. 
O quase jornalista também lembrou do Repórter Udesc , programa que costumava fazer muito. O 
formato exige uma vinheta marcante, já que a intenção é que invada 
sorrateiramente a programação e forneça notícias factuais. “Antes de eu sair, 
pretendo fazer mais alguns”, comentou. Enfim, chega hora da segunda previsão do 
tempo, e o processo é o mesmo. Ao telefone, às 11h30, Erivellto divulga aos 
ouvintes que haverá pancadas de chuva à tarde. 
Mais uma manhã chegava ao fim, assim como o turno do bolsista, que vai até 
meio-dia. Porém, naquele dia, ele ficaria até um pouco mais tarde editando o 
programa Samba Catarinense, que irá ao ar no próximo domingo (18/2), 
às 16h. Para quem perder o especial carnavalesco produzido por Erivellto e 
Pricila, ele será reproduzido na quarta-feira (21/2) no mesmo horário, trazendo 
talentosas cantoras de Joinville e Florianópolis e sambas-enredo das escolas de 
São Francisco do Sul. 
Erivellto conta como está sendo seu trabalho na rádio