Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 3677, publicada em 16/02/2007.


:Eva Croll

Erivellto anuncia aos ouvintes a previsão do tempo

Uma manhã tranqüila e ao som de muita MPB

Eva Croll

Eram 8h05 do dia 15/2, mas as portas de vidro e madeira sobrepostas que dariam acesso à Rádio Educativa Udesc FM (91,9) continuavam trancadas. Minutos depois, eis que surge Erivellto Amaranth, acadêmico do Bom Jesus/Ielusc e bolsista da rádio. Carregando alegremente uma mochila nas costas e as chaves em uma das mãos, dirigiu-se à entrada alternativa, localizada no corredor estreito ao lado.

O estudante de jornalismo passa as manhãs só, cuidando dos aparatos, fazendo previsões do tempo e editando programas, além de atender um telefonema aqui e outro ali. Já passava um pouco das 8h30 e a temperatura era de 23 graus quando fez a primeira previsão. E o friozinho na barriga de falar ao vivo para toda a região Norte? “Já acostumei”, garante Erivellto, que completará um ano de estágio em abril. As condições do tempo são oferecidas pela Climerh/Epagri, serviço de meteorologia por telefone exclusivo para a imprensa. Por ser uma rádio de cunho educativo, o locutor explica que as previsões devem ser anunciadas e comentadas, para que o ouvinte entenda o comportamento do tempo.

Ao prosseguir com a programação da manhã, nada melhor do que um bloco de músicas. No caso da rádio Udesc, MPB intercalada com jazz e blues pode ser ouvida durante o dia. Já à noite, os gêneros são diversificados: rock e trilhas de novelas e filmes substituem as músicas tranqüilas que embalaram o resto do dia. Erivellto seleciona algumas das mais de 20 mil músicas armazenadas no computador do estúdio, procurando sempre divulgar seus nomes antes de tocá-las. “Quando não fazíamos isso, várias pessoas ligavam para a rádio para saber que música era aquela que tínhamos acabado de tocar”, explica o jovem, que é amante de MPB.

Erivellto não é o único que mantém o estúdio funcionando. Tem a ajuda de mais quatro colegas que, assim como ele, recebem uma bolsa auxílio de 300 reais. Pricila Bornato, Cátia Hames, Felipe Steuernagel e Alan Kouson são alunos da Udesc e cumprem o turno da tarde na rádio. Pricila é responsável pela montagem e locução da agenda cultural; Cátia é programadora; Felipe faz o suporte de informática e locuções e Alan edita programas. Todo o trabalho da equipe é supervisionado pelo jornalista e coordenador da estação Paulo Roberto Santhias.

Orgulhoso, o estudante conta que a rádio Udesc é a única de Santa Catarina que tem parceria com a Rádio França Internacional (RFI). Os programas são disponibilizados no site, e a tarefa do radialista é baixá-los, geralmente, com um dia de antecedência, sendo encaixados na programação do dia seguinte. Vão ao ar todos os dias, às 8h, e são noticiários temáticos, contendo informações da Europa, França e Brasil. Na opinião de Erivellto, as edições noticiosas enriquecem a programação, pois oferecem diversidade cultural – já aconteceu de, num deles, o repórter se despedir ao som de música egípcia – e pluralidade de informação, uma vez que a RFI tem parceria com rádios em todo o mundo.

A rádio Udesc também veicula seu próprio boletim noticioso, que vai ao ar cinco vezes por dia: o Udesc Notícias. Outro destaque da programação é também o Conversa e Poesia, no qual são realizadas entrevistas com profissionais das mais variadas áreas. Na salinha ao lado do estúdio, uma lousa branca mostrava a programação da semana: na segunda, o assunto foi aquecimento global; terça, educação para adultos; quarta, teledramaturgia; quinta, carnaval de São Francisco; e sexta, carnaval de Joinville. Há um tempinho atrás, as edições eram veiculadas ao vivo. Agora são gravadas, em função de o entrevistador, Santhias, ter que passar parte do tempo em Florianópolis, onde exerce outras funções. Quando isto ocorre, o posto de repórter é assumido por Erivellto, que não deixa a dever.

O bolsista conta qual foi seu maior esforço de reportagem nestes quase 12 meses de experiência na rádio. Tudo começou com o surgimento do edital do Prêmio Unimed de Jornalismo, e com a idéia de Paulo Santhias: fazer um programa, em quatro edições, falando sobre sedentarismo. Sedentarismo nunca mais foi produzido ao longo de duas semanas. A construção da pauta se deu aos poucos e, no processo de produção da matéria, as fontes apareciam – segundo o repórter, mais de vinte pessoas foram entrevistadas -, desde coreógrafos a psicólogos. No fim, valeu o esforço: Erivellto ficou entre os três finalistas do Prêmio, além de ter passado pela experiência de lidar com a pluralidade de fontes.

O quase jornalista também lembrou do Repórter Udesc , programa que costumava fazer muito. O formato exige uma vinheta marcante, já que a intenção é que invada sorrateiramente a programação e forneça notícias factuais. “Antes de eu sair, pretendo fazer mais alguns”, comentou. Enfim, chega hora da segunda previsão do tempo, e o processo é o mesmo. Ao telefone, às 11h30, Erivellto divulga aos ouvintes que haverá pancadas de chuva à tarde.

Mais uma manhã chegava ao fim, assim como o turno do bolsista, que vai até meio-dia. Porém, naquele dia, ele ficaria até um pouco mais tarde editando o programa Samba Catarinense, que irá ao ar no próximo domingo (18/2), às 16h. Para quem perder o especial carnavalesco produzido por Erivellto e Pricila, ele será reproduzido na quarta-feira (21/2) no mesmo horário, trazendo talentosas cantoras de Joinville e Florianópolis e sambas-enredo das escolas de São Francisco do Sul.

Erivellto conta como está sendo seu trabalho na rádio

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.