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Matéria 3597, publicada em 08/02/2007.


Show de Bola

Roelton Maciel


Ele não queria ser apenas mais um na multidão. Aos 39 anos, Marco Antônio Saderio Pereira, conhecido como Bola, desfruta do sucesso pessoal e profissional. Ganhou o apelido quando dançava um conhecido ritmo do funk carioca, embalado pelo MC Bola de Fogo. Casado, pai de um garoto, Marco divide seu tempo entre o trabalho e a família. Não fuma, bebe de vez em quando, é apaixonado por carros e ama o que faz. Sua menina dos olhos é o bar Estação Café Joinville, um antigo sonho transformado em realidade.

Nascido em São Paulo, viveu na capital paulista até metade dos anos 90, quando se mudou para Joinville. Na nova cidade, foi coordenador de staff da Logocenter, e consultor de negócios da Datasul. Mesmo bem remunerado, não suportava mais a rotina dos escritórios. "Era um emprego muito solitário. Eu chegava quando todos estavam saindo, e quando eles voltavam eu ia embora", relata. O desejo de ter um negócio próprio sempre falou mais alto. Poupando recursos, passou a estudar diferentes possibilidades de investimento. "Pensei no que poderia me trazer maior retorno. Optei por tentar algo voltado para a alimentação”.

Apesar de decidido, Saderio manteve-se cauteloso. Para ele, se tratando de comércio, Joinville é ingrata demais. Após analisar as tendências e fazer muita pesquisa, escolheu o café como produto principal do seu futuro empreendimento. "Um quilo de café rende várias xícaras", observa. Seguro de estar no caminho certo, se preparou durante um ano para a nova empreitada. Visitando feiras e eventos, logo se tornou um apaixonado pela coisa.

A grande oportunidade surgiu quando um antigo prédio da Telesc foi reformado, tornando-se um centro comercial. O ponto, situado na Rua Princesa Isabel, formando esquina com a Travessa Sergipe, enquadrava-se perfeitamente nos planos do paulista. Não demorou para que o Estação Café Joinville ocupasse o lugar da loja 1 e abrisse as portas para o público.

O início não foi fácil, e o estabelecimento sofreu algumas transformações. As noites de pagode com música ao vivo foram reduzidas, pois agradavam apenas a um público seleto. O objetivo era diversificar, atrair todos os tipos de clientes. A composição do local também foi cuidadosamente planejada por Marco, que procurou elaborar um ambiente agradável, mas sem exagerar no requinte. "A idéia é fazer um lugar convidativo, para que ninguém se sinta intimidado a conhecer". Na parte interna há uma área reservada para apresentações, harmonizada com um globo de luz. Um pequeno pé de café, pouco notado pelos freqüentadores, é cultivado na entrada do recinto. Dentro cabem cerca de 15 mesas, e fora há um espaço quase ilimitado.

O bar funciona como franquia exclusiva da Lucca Cafés Especiais em Joinville. Mostrando um punhado de café torrado, Marco explica que a marca trabalha com o melhor da produção nacional. Ele orgulha-se em oferecer o único blend (misturas de diferentes grãos) da região, composto por mais de 52 variações. Inaugurada há um ano e sete meses, a casa já conquistou admiradores de todo o Brasil. "Quem prova meu café não consegue mais tomar em outro lugar", garante, em tom descontraído.

No cardápio, algumas especialidades surpreendem os clientes. Há 14 opções de bebidas quentes, sete drinks à base de café, sete coffee shakes, além das casquinhas de siri, preparadas somente sob a supervisão de Saderio. Peculiaridades também fazem a diferença no menu. Por R$ 1,50 é possível comprar um expresso simples, e com R$ 11 pode-se pagar por um Irish Coffee (misto de café e uísque irlandês).

Atualmente, Marco conta com seis empregados. Em geral, são jovens sem experiência profissional. O motivo, segundo o proprietário, é que eles não possuem vícios, e podem aprender de acordo com as normas locais. "Também me preocupo em dar oportunidade para quem quer começar", afirma. O quadro de funcionários muda constantemente. Bola realiza essa rotatividade pois preocupa-se com a qualidade no atendimento, e dispensa aqueles que não se portam como profissionais. Edimar Pereira Becker, 18 anos, é o atendente mais carismático. Foi contratado há quatro meses e tem como principal atividade os trabalhos no caixa. Curiosamente, Edimar é conhecido por muitos como Michel, mas parece não se importar. Desde que veja a garrafa vazia, ele atende prontamente.

Marco Antônio Saderio nunca investiu um centavo em publicidade, pois acredita que expor o nome do estabelecimento não garante aumento nas vendas. Ele confia que a popularidade da casa se faz no "boca a boca". Para mobilizar a freguesia, criou uma comunidade no Orkut. Lá, os clientes podem fazer críticas e sugestões, além de acompanharem a agenda de shows e participarem das promoções.

Satisfeito com o momento atual, o paulista afirma que seu negócio está melhorando a cada dia, mas não descarta mudanças. A última novidade foi a aquisição de uma máquina caça-níquel, nova fonte de lucros para o Estação Café Joinville. Com espaço livre no piso superior, Marco vem estudando a possibilidade de abrir um cyber café. A fim de viabilizar o projeto, pretende firmar alguma sociedade para não arcar com os custos sozinho. "Tudo é uma questão de parceria. Se for para ganhar dinheiro, vendo até canivetes suíços", finaliza.


Matéria realizada no primeiro semestre de 2006, para a disciplina de Redação Jornalística II.

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