“Corta o deslumbramento!” é o principal conselho de Martín Fernandez aos
calouros na noite de 5 de fevereiro. Apenas três anos o separam da posição de
sua platéia, estudantes de jornalismo com dúvidas sobre a profissão e ansiosos
por uma carreira de sucesso. Os últimos três anos, no entanto, foram decisivos
para a carreira de Martín e é por este motivo que, ao lado de dois antigos
colegas de curso, o jovem repórter é apresentado na aula inaugural do curso como
palestrante.
Desde que ingressou no Ielusc, Martín não perdeu tempo. Começou a trabalhar
numa pequena agência de assessoria “mandando fax e ligando pra jornalista”, até
ser contratado pela Sine Qua Non, uma das mais fortes agências de comunicação da
cidade na época. Depois da experiência na assessoria de imprensa, Martín começou
a produzir matérias e vendê-las para jornais e revistas. “Levei muito
'não', mas consegui ter alguns trabalhos publicados. Você tem que correr atrás
se quer seguir essa carreira”, conta ele.
A primeira grande oportunidade de Martín surgiu em 2002, quando o Ielusc e o
jornal A Notícia criaram um programa de estágio. Ao lado de Josi Tromm, ele foi
o primeiro acadêmico a participar, ficando um ano como estagiário e três como
contratado. A segunda grande oportunidade foi divulgada numa lista em 27 de
agosto do ano passado. Seu nome uruguaio constava entre os 30 selecionados para
participar do curso do Estadão, projeto de extensão para o qual 3.164 pessoas se
candidataram em 2006.
Após três meses de intenso estudo em São Paulo, com aulas teóricas pela manhã
e trabalho de campo à tarde, Martín afirma que todos deviam tentar essa
aventura. Para ter aulas com profissionais renomados, assistir a palestras de
jornalistas ilustres como Boris Casoy, Juca Kfouri e Ricardo Kotscho e trabalhar
em seis editorias do grupo Estado, Martín largou seu emprego no AN sem garantia
de trabalho em São Paulo. Ao fim do curso, se tornou um dos cinco alunos do
curso que foram integrados na equipe Estadão.
A seriedade com que dirige sua carreira não transparece na postura do jovem
que não hesita em brincar durante a conversa com os calouros. “A conversa pode
continuar no bar”, completa, ao aviso do coordenador de que o tempo para a
conversa estava acabando. Katherine Funke, também palestrante da noite e colega
de curso de Martín conta: “O Martín em sala de aula era um chato, um pentelho.
Era o cara que sentava no fundão e toda hora soltava uma piada sobre alguém”.
Martín assume essa imagem, mas avisa: “Se eu não levasse nada a sério não tinha
entrado no A Notícia, muito menos passado para o Estadão. Só não quero ser mais
um cara chato.”
Martín conta como entrou para a equipe do grupo Estado