Expediente normal na Revi. Quinze para as quatro da tarde. Nenhuma visita, nenhuma pauta efervescente — a trilha sonora do ar-condicionado e do som das teclas colabora para a atmosfera de imobilidade. O que poderia arrancar palmas e sorrisos espontâneos dos seis bolsistas até então compenetradíssimos em suas pautas e dispersos aos movimentos aparentes? Um monte de coisas: um comunicado de redução de mensalidade, uma pizza chegando inesperadamente ou a constatação de que todas as notas de alunos de segundo e quarto períodos de jornalismo foram perdidas devido a uma pane no sistema e, por isso, estão todos aprovados. A princípio, a visita do grande e do pequeno Tiago do suporte tecnológico não entraria nessa lista de fenômenos empolgantes no expediente da Revi, a não ser que eles entrem juntos, sem bater, cada um carregando três CPUs de processador Celeron 1.8 gigahertz no colo para substituir pelos pré-históricos Pentium 3 que agonizam no ambiente de trabalho dos bolsistas.
A decisão de substitur as máquinas surgiu dos próprios responsáveis pela manutenção. Os Celerons 1.8 gigahertz esão sendo trazidos do laboratório 2 da unidade Saguaçu para o laboratório 4 da unidade Centro. No Saguaçu, as máquinas eram usadas apenas para rodar o Open Office e o navegador de internet, enquanto no Centro atenderão às demandas do Windows Media Player, do Sound Forge e de outros programas indispensáveis para estudantes de jornalismo. Até agora, foram substituídas seis máquinas, mas a intenção é renovar até o fim do ano 16 dos 21 computadores do laboratório que abriga o expediente da Revi. A renovação significa sete vezes mais rapidez no processamento de dados dos terminais.
Mas apesar das reclamações quanto ao estado das máquinas do laboratório 4, que levaram à tomada de providências, o caso deste ainda é bem melhor do que o dos laboratórios 1 e 3, onde o sucateamento dos terminais é mais visível. Lá, a maioria das máquinas já comemorou uma década de uso e apresenta dificuldades para suportar até o Open Office e o Page Maker, softwares sem os quais não se produz uma matéria nem se diagrama uma página de jornal sequer. Ter aulas de meios impressos e de redação jornalística nesses laboratórios é tão fácil quanto aprender a surfar com uma prancha talhada em mármore.
A renovação desses laboratórios está na pauta da reunião de hoje do Colegiado de Recursos Tecnológicos (CRT), órgão formado por representantes de todos os setores do Bom Jesus e que discute questões referentes à estrutura tecnológica da instituição. Existe a intenção de renovar prioritariamente o laboratório 3 e, se a proposta for acatada pelos membros do Colegiado, computadores com processador Pentium 4 serão colocados no lugar dos arcaicos MMX 233. Aliás, cumpre informar que a reunião de hoje do Colegiado não conta com nenhum representante dos estudantes de ensino superior. Tesouraria, secretaria, professores e até o ensino médio estarão representados na reunião no Salão Vermelho, menos os acadêmicos.