Já está claro quando o ônibus estaciona no Terminal Sul. O dia inicia com uma manhã cinzenta, um clima londrino. Agora, moradores dos bairros Floresta, Santa Catarina, Profipo, Escolinha, Boehmerwald e Itinga ocupam os assentos do coletivo, que parte para a Estação Tupy.

Apesar do horário, 5h30, há grande movimento. Trajando uniformes e de malas nas mãos, para todas aquelas pessoas o dia já começou. Alguns ainda têm tempo de tomar um café e ler o jornal. No balcão da vendinha, motoristas desocupados e passageiros falam sobre política. O papo não dura muito. Um deles dá o último gole do pingado e toma a condução do Itinga. Sozinho no ônibus, o repórter acompanha o motorista.

Quase metade do trajeto é perturbado por paralelepípedos e buracos. Mas não demora para que o caminho saltitante dê lugar à plana rodovia SC 280. No trânsito rápido, as paisagens mudam no mesmo ritmo. Por alguns segundos não há nada além de duas casas isoladas, no meio do verde, à beira da estrada. Um pedaço rural que, visto da janela, surge e desaparece na velocidade de um frame.

O ponto de retorno é alcançado em aproximadamente 15 minutos. Na parada, um grupo de passageiros lota o ônibus de uma só vez. Quatro minutos passam até que o último deles embarque. O caminho de volta é o mesmo, mas a atmosfera é diferente. São mais pessoas falando, se empurrando e bocejando. Apesar dos transtornos, a maioria não parece se importar. A lotação, a rodovia e os paralelepípedos fazem parte de uma rotina que, assim como nos outros dias, terá 15 minutos para acabar.