A viagem começa às 4h35 da manhã, quando o ônibus 1046, do Itaum, percorre pela primeira vez o trajeto com destino à Estação Central. Ao longo do dia esta rota se repetirá mais 111 vezes pelos outros coletivos da linha. No volante, um motorista apressado e sonolento ignora todos os sinais vermelhos que surgem no caminho. A esta hora o trânsito é praticamente nulo. As ruas estão vazias, não há motivos para obedecer à sinalização.
Os passageiros, um total de cinco zumbis que ainda dormem, não se dão conta das infrações e só despertam no momento em que um jovem operário aciona a campainha para desembarcar. Antes mesmo de ele descer, os olhos pesados se fecham novamente.
Chegando à estação do Centro, o que se vê é uma paisagem estática e vazia. Nada parecida com o corre-corre dos horários de pico, quando a movimentação média é de 200 passageiros por minuto. Pouco mais de 10 indivíduos circulam nos arredores do terminal. A ingrata escuridão não atrai ambulantes. Por enquanto os funcionários são maioria no local.
O relógio marca 4h50 e o sol ainda não dá o ar da graça. Minutos passam, mais pessoas chegam e as catracas começam a girar. São 5h10, hora em que 28 passageiros embarcam no Sul/Tupy e, rumo à zona sul de Joinville, acompanham o amanhecer.