As mãos cansadas de correr toda a extensão da rua
infeliz contra o tempo falta força nos braços
pintados de vermelho das letras são tinta fresca
manchando o pulso cansado de carregar o sangue
O trânsito frenético bater do coração
pulsando no peito apoiando a cabeça
pesada missão de levar o sangue
através do canal obstruído
Um poste estendido à margem
trânsito jorrado rubro
vaza esvaindo do braço
cansado de correr o canal
Roleta
sentou calmamente na cadeira giratória
recostou o tronco cansado
as pernas apoiadas no chão ima de um lado para o outro
movimento cadenciando o assento
assesto assaz assacador
o lixeiro havia sido deixado cheio
até a boca com papel toalha que desfaz-se na mão
a cafeteira estava ligada sem café por passar
o barbeador abandonado na pia
imberbe há mais de seis meses
messe mesto mesmo
pelo vidro observava o arrastar de pés sob o sol do meio-dia
a pilha de copinhos ao lado da garrafa térmica
seus olhos pendiam ora para a esquerda
ora para a direita
vai e vem impulsionado pelos pés
pescoço pespego pesar
o jornal aberto sobre a mesa
contava um punhado de meias verdades
sangrando o dia com um jorrar de palavras
band-aid para cobrir a hemorragia interna
sangue seco empedrado nas veias
vedo veras verve
rodou o tambor com o dedo
uma duas três vezes
olhou os buraquinhos negros
com um movimento rápido para o lado
os fez desaparecerem dentro
fechando o ciclo
click click click
podia ver o futuro
era exatamente o mesmo
os dias não mudavam na sua rotina
rota rotatória rotação retalhos
tirou da têmpora e botou na gaveta
cheia de remédios para dormir
hipocondria hipérbole hípico hirto
hipócrita
entorpecido dia a dia
click click