Revi Bom Jesus/Ielusc

>>  Joinville - Quinta-feira, 21 de novembro de 2024 - 22h11min   <<


chamadas

Matéria 3375, publicada em 21/11/2006.


Coro


Cartão vermelho. Já passavam vinte minutos do segundo tempo. O empate em zero a zero não agradava nenhum dos dois times. A taça daquele final de campeonato permanecia intacta e sem dono. O técnico já havia anunciado a entrada de Romarra, o craque da camisa número dez do time da capital. No entanto, depois da expulsão do lateral esquerdo do time, o técnico optou pelo zagueiro Fafá Zendeiro para auxiliar na defesa. O coro da torcida foi inevitável:

− Burro! Burro! Burro!

A cerveja quente já não rendia nem mais um gole, fervia na mão para Alencar. Mais um trago debaixo daquele sol o faria vomitar pela terceira vez. Vinte minutos do jogo se passaram quando Fafá Zendeiro apertou as chuteiras na lateral do gramado preparando-se para entrar. Enquanto o coro da torcida repetia a mesma palavra, Alencar se perguntava:

− Fafá, zagueiro? Cadê o Romarra?

Não demorou nada para Alencar grudar na grade de proteção, passar por uma abertura no alambrado e correr pela lateral do campo até chegar em Fafá, que se lançava pela ponta direita com velocidade em direção a Fafá que pensa consigo mesmo: Quem é esse louco?

A diarréia desidratou Romarra que dava graças por não ter sido chamado para completar o time. As pernas não renderiam vinte e cinco minutos de jogo. As idas ao banheiro somaram treze, só naquela tarde. Justo em uma final de campeonato.

− Romarra dessa vez não vai dar pra ti.

O treinador volta-se para Fafá:

− Fafá! Entra logo e cuida com as bolas altas.

Enquanto Fafá acabara de receber a sua primeira bola, direita na lateral do campo, um torcedor é avistado descendo o alambrado. Romarra faz um comentário para si: Quem é esse louco?

Alencar acompanha Fafá até o campo adversário. A torcida vai ao delírio. O juiz apita e a corrida não pára. Entram dois policiais em busca de Alencar que avança pelo meio campo. Alencar passa por um policial e agarra Fafá pelo pescoço. Estão lá, dois corpos estendidos no chão. Enfim, Alencar é levado pelos policiais. O árbitro apita o reinício do jogo. É apenas tiro de meta. Alencar é retirado de campo vaiado, ao som do mesmo coro.

− Burro! Burro! Burro!

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.