Ao passar rapidamente pela pequena oficina da rua 3 de maio onde trabalha
Rubens Carlos Demonte, o indivíduo distraído não notaria o pedacinho do passado
que ainda lá reside. Dividindo o espaço de 12 metros quadrados com
carcaças, teclados, fitas de polietileno e muitas, muitas peças, Rubens passa o
dia consertando máquinas de escrever e calculadoras para os poucos escritórios
joinvilenses que ainda utilizam esses objetos aparentemente esquecidos, num
trabalho solitário que já dura 30 anos.
Resistindo ao tempo, enquanto 22 milhões de brasileiros já são usuários da
internet, a oficina se mantém há 35 anos no mesmo endereço:a garagem
reformada de Aroldo Lischka, antigo patrão de Rubens, para quem vendeu o negócio
por acreditar que o conserto das máquinas estava defasado. No entanto, muitas
empresas e escritórios de contabilidade ainda utilizam, principalmente no
preenchimento de notas e cheques, essas máquinas desenvolvidas na segunda metade
do século XIX. “O computador tem um custo muito alto, precisa de monitor, CPU,
programa, tinta, impressora... Nas máquinas é só datilografar e sai pronto, é
mais barato e mais rápido”, avalia.
Rubens conta que não encontra mais peças para reposição na cidade, tendo que
encomendá-las em lojas curitibanas, “mesmo porque Joinville sempre foi um bairro
de Curitiba”, brinca. Como ele, apenas outras duas oficinas joinvilenses ainda
não sucumbiram ao mercado da informática, mas ele adianta que em breve passará a
trabalhar também com computadores. Quanto às máquinas, ele continuará as
consertando, mas acredita que em breve serão apenas antigüidades para
exposição.
Conheça a oficina de seu Rubens
Rubens fala sobre usuários de máquinas de escrever