Na tarde de terça-feira, 31/10, Juliana Crestani concedeu entrevista e respondeu a todos os questionamentos sobre a transparência dos projetos propostos por ela e que foram por duas vezes agraciados no Edital de Apoio às Artes. Sentada na frente da academia onde dá aulas de dança e “tira o seu ganha-pão”, Juliana explicou o conteúdo dos projetos, se defendeu das críticas e, principalmente, reafirmou o cunho social dos trabalhos que realiza voluntariamente.
O Chhai (Casa do Hip Hop Arte Inclusiva), segundo ela, nasceu de uma demanda dos alunos que faziam aulas de dança mas não podiam pagar a mensalidade da academia. Para atendê-los, Juliana fez um acordo com a Casa da Cultura, no qual ela faria trabalhos voluntários para a Casa e, em troca, receberia um espaço para atender os jovens sem cobrar nada. Aos poucos, foram sendo introduzidas aulas de grafite, DJ e outras atividades da cultura hip hop. O Chhai foi ganhando mais adeptos e, com o surgimento do Edital de Apoio às Artes, em 2005, Juliana vislumbrou uma possibilidade de ampliar a abrangência do projeto e oferecer algum tipo de assistência social, transportes, palestras e viagens a eventos de dança em outras cidades para os participantes. Ganhou o Edital em 2005 e garante que a prestação de contas das atividades realizadas com o dinheiro que recebeu estão ao alcance da comunidade na Fundação Cultural: “Qualquer um pode chegar lá e pedir uma cópia da documentação”, afirma.
Em 2006, ela elaborou outro projeto (também para viabilizar melhoras no Chhai, organizar eventos voltados para o hip hop e levar os integrantes do grupo a outras cidades) e, novamente, foi contemplada. Reclamações surgiram em tom de denúncia, como a que a liga à figura do renomado DJ Jeff Bass (que foi jurado do Edital deste ano) e apontam até uma relação próxima entre ela e o presidente da FCJ Rodrigo Bornholdt. Quanto a isso, Juliana se defende dizendo que conhece Jeff Bass porque atua na área há muito tempo e já fez eventos em que ele trabalhou, mas afirma com veemência que foi contemplada pelo Edital devido ao seu currículo e pela qualidade do projeto.
Juliana não esconde a indignação quanto às desconfianças que pairam em torno de suas atividades. Nas duas vezes em que foi abordada para falar do assunto, evidenciou o caráter voluntário do projeto e se colocou a disposição dos acusadores para esclarecer qualquer ponto que tenha levantado suspeitas. Além disso, disponibilizou contatos — como o de Jeff Bass — que poderiam atestar o mérito da iniciativa da Casa do Hip Hop.