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Matéria 3261, publicada em 08/11/2006.


"Automóvel é a invenção mais genial deste século", diz Max Ferreira

Eva Croll



Max não estava na concessionária Renault naquele momento. Segundo um de seus colegas uniformizado com a gravata grifada de símbolos da empresa, o vendedor tinha dado uma saída rápida para levar o carro que recém havia vendido para abastecer.

Quando o simpático vendedor Max Ferreira chegou e entregou as chaves do automóvel nas mãos de sua compradora, fechava alegremente seu sexto negócio no mês. “Estou tranqüilo, já vendi seis carros este mês”, disse, com um sorriso amigável nos lábios. Sentou-se e dispôs algumas balinhas de erva doce na mesa, enquanto contava que era carioca e que vivia em Joinville há 21 anos.

“Sou vendedor por força das circunstâncias”, respondeu ele, quando se comentou sobre sua paixão por automóveis. Logo contou que, antes de começar a vender, tinha sido projetista de carrocerias por sete anos, na Nielson, e de construções navais, por dois anos. Também fez alguns trabalhos com modelismo. Antes de ser vendedor da Renault, já foi da Ford e da Cia Jordan de Veículos. Chegou a fazer parte da equipe da Fiat, mas ficou lá por apenas sete meses.

O motivo da procura por Max foi, além da vasta experiência que tem com carros, o seu fusquinha bege claro. O vendedor possui o carro há quatro anos, e pretende conservar todas as peças de fábrica. Somente a lanterna do pisca-alerta e o rádio não são originais, mas Max já resolveu o problema: “Já pedi a lanterna do pisca original em São Paulo, e o rádio vou trocar por outro que seja somente AM, assim como era naquela época”.

O Fusca é de 1971, e o vendedor alegou ter adquirido para fins de coleção. Possuía um Verona 95, mas precisou vender por motivos financeiros, ficando só com o fusquinha. Em 2002, Max montou uma loja de ar-condicionado para carros, mas o negócio não rendeu bons resultados. Resolveu, portanto, vender o Verona para aproveitar melhor o dinheiro.

Segundo ele, o Fusca nunca deu problemas. Por ser bem conservado, já obteve sete ofertas de compra de cerca de R$ 7.500,00, mas Max, por enquanto, nem cogita vender o carro. Por ser vendedor da Renault, já ouviu comentários discriminatórios, do tipo: “Se você trabalha na Renault, por que não compra um carro da Renault?”. Porém, para Max, o valor de um carro não está somente na lataria e no imediatismo, e sim na nostalgia. “No Brasil, as pessoas são pobres de cultura”, desabafa. Se fosse comprar outro carro, seria uma Kombi Safari: variação do automóvel que é equipada com trailer.

Ao dirigir um carro atual e comparar com o fusquinha, Max diz que as diferenças são marcantes: “Não dá para mensurar, pois o Volkswagen é um carro de 60 anos atrás”. Por ser um carro de outra época, os freios são deficientes e a direção é leve e imprecisa, fazendo com que o carro dê a impressão de estar patinando na pista.

Fora isso, as reclamações a respeito do carrinho são quase inexistentes para Max, que fez dos automóveis, especialmente os antigos, sua maior paixão. Sempre procurando ler e pesquisar tudo que vê sobre carros, o vendedor começou em 2001 sua faculdade de Jornalismo no Ielusc, mas teve que trancá-la em 2002 por causa do prejuízo da lojinha de ar-condicionado. Porém, voltou a estudar no ano seguinte, pois pretende escrever artigos, crônicas e curiosidades sobre automobilismo. Um de seus projetos futuros também é a montagem de um programa de TV, para qual o público escreverá sugerindo modelos de automóveis para Max desenhar. Até já sabe o título de sua monografia: “A influência das publicações automobilísticas na vida das pessoas”. Coincidência?

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.