Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 3231, publicada em 31/10/2006.


:Eva Croll

Ielusc já ganhou troféu da Acaert

Monografias de acadêmicos de jornalismo estão entre as finalistas

Eva Croll


Luiz Fernando Bertoldi e Glaene Vargas. Ele é ator. Ela, assessora de imprensa. Aparentemente, nada de semelhante entre os jovens de 25 e 26 anos, respectivamente. O ponto em comum que permeia os estudantes é o fato de ambos terem se formado em jornalismo pelo Bom Jesus/Ielusc e estarem, no momento, concorrendo como finalistas no prêmio Acaert, na categoria Monografia – Radiodifusão.

“Mais uma razão para nos orgulharmos de nosso curso”, disse o professor Silnei Soares. “Além de termos dois acadêmicos concorrendo ao prêmio de melhor monografia estudantil, o Bom Jesus/Ielusc ainda é finalista na categoria de instituição que mais enviou trabalhos”, concluiu. A faculdade já possui um troféu ganho por esta categoria, guardado no estúdio de rádio.

Tanto Luiz Fernando como Glaene tiveram seus trabalhos inscritos no concurso pelo professor Jacques Mick. Foi uma surpresa para Luiz quando soube que sua monografia estava classificada entre as finalistas. Em seu trabalho, o ex-acadêmico abordou as ferramentas que o jornalista utiliza para construir as reportagens, colocando o profissional em uma posição à qual chamou de “Repórter-ator”, título da monografia.

“A partir do momento em que a câmera é ligada, o repórter assume outra forma: a de personagem”, afirmou Luiz, que, não por coincidência, é ator. Além de utilizarem o mesmo veículo de trabalho, as ferramentas utilizadas pelos repórteres e atores são praticamente as mesmas. Dentre elas, Luiz cita o figurino, a dicção, a maquiagem e a marcação de cenas, muito utilizada no teatro. É explicada a importância que tais recursos têm para o jornalismo, uma vez que acrescentam dinamismo às cenas, fugindo da reportagem centrada no único objetivo de informar. Luiz Fernando, que teve o rumo de suas pesquisas orientado pelo professor de telejornalismo Ângelo Ribeiro, citou o apresentador do Jornal Nacional como um destes ícones. “William Bonner é capaz de convencer o espectador a não mudar de canal devido ao uso destes recursos”, pontuou.

Ao ser questionado do motivo pelo qual escolheu este tema, tudo se tornou claro: o ex-acadêmico é ator. Ao trancar o curso em 2004, utilizou o período de um ano e meio que ficou afastado das câmeras de reportagem para atuar no mundo dos palcos e cortinas. Formou-se na escola para atores Schiavini e obteve seu registro profissional na área, para depois viajar para o Rio de Janeiro e estudar na Cia de Artes de Laranjeiras. Em três meses, concluiu o curso de profissionalização e só então voltou para Joinville e para o jornalismo, no ano de 2005.

Todo o conhecimento adquirido neste período gerou as idéias centrais de seu último trabalho, no qual Luiz ainda traçou um paralelo entre as profissões de ator e jornalista, concluindo que, por mais que se faça uso da dramaturgia, o repórter deve conservar sua postura de mensageiro da verdade.

Mais um ponto em comum pode ser traçado entre os dois ex-acadêmicos. Assim como Luiz, Glaene também aborda o repórter como sendo, muitas vezes, uma espécie de personagem que assume características do tema para aproximar os espectadores e até mesmo as fontes. Dentro de seu trabalho de conclusão, guiado pelo professor Silnei Soares, são analisadas dez matérias, todas exibidas no Jornal Nacional. Dentre análises de repórteres discursando em cima de montes de sementes ou montados em cavalos, o sotaque dos profissionais ganha importância na pesquisa de Glaene.

“Os Brasis que escapam do padrão: uma análise das matérias apresentadas no Jornal Nacional”, tema do trabalho da ex-acadêmica, foi montado com base na seleção de reportagens do jornal diário exibido pela Rede Globo. “Eu gravava o jornal inteiro, e depois assistia às gravações para selecionar as reportagens que se encaixavam no meu tema”, revelou. Seis matérias analisadas foram escolhidas de tais gravações, enquanto as outras quatro foram selecionadas da sessão de extras do DVD “Jornal Nacional 35 anos”, na qual Glaene encontrou séries como “Profissão Professor” e “Brasil Rural”.

Com a pesquisa, a ex-acadêmica, que, atualmente, trabalha como assessora de imprensa, pôde ter acesso à informação de que o Jornal Nacional, seu objeto de estudo, foi o primeiro jornal a ir em rede no Brasil, e , desde então, contratou fonoaudiólogos para disfarçar repórteres com o sotaque carregado. De acordo com a própria pesquisadora, sua intenção não era criticar o sistema de padronização da emissora, mas analisar as situações do seu ponto de vista pessoal. Para isso, utilizou até mesmo a linguagem fonética em suas explicações.

O prêmio da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão, além de premiar trabalhos acadêmicos, também destaca o talento de jornalistas catarinenses. No dia 8 de novembro serão conhecidos os ganhadores. Profissionais receberão um troféu que imita um microfone, enquanto acadêmicos um diploma comprovando o mérito de ganhador do concurso, no teatro Álvaro de Carvalho, em Florianópolis. Como disse o professor Silnei, “Fiquemos na torcida aguardando o resultado”.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.