Duas barracas com meninas pintando o rosto de crianças, duas tendas com
desenhos para colorir, uma piscina de bolinha, uma cama elástica, e muitas
crianças. Este é o cenário da praça Nereu Ramos, nesta tarde de 30 de outubro.
Uma comemoração atrasada do dia das crianças? As pessoas com as mãos levantadas
em oração, indicam que não. Trata-se de uma manifestação organizada pela
Assembléia de Deus, contra o dia das bruxas
, comemorado dia 31 de outubro.
É a quinta vez que o evento ocorre e seu nome original é “Festa de adoração a
Elohim”. Elohim quer dizer “único Deus” e foi escolhido pela semelhança com
“Halloween” (o dia das bruxas combatido pelos evangélicos). “Essa é uma festa de
resgate cultural. Queremos mostrar para as crianças que não precisamos importar
coisas, temos a nossa própria cultura”, explica a organizadora da manifestação,
Edna Felício.
Durante a tarde, 13 grupos irão apresentar dança, teatro e encenações. A
“Festa de adoração a Elohim” é promovida pelo Colégio Evangélico Pastor Manoel
Germano de Miranda, mas não é composta só de escolas relacionadas com a igreja.
Entre os 13 grupos, via-se uniformes de colégios estaduais e municipais de
Joinville. E nem todas as crianças que participam são evangélicas. Paloma Azi da
Silva, de 12 anos, espera a sua hora de dançar tango com as amigas. Com um
vestido vermelho, maquiagem forte e cabelos para trás, em um coque, a estudante
conta que é católica, mas já participou do evento ano passado. “Nunca fui e
nunca tive vontade de ir a uma festa do dia das bruxas. Prefiro festas como
essa”, confessou a menina.
Tango, dança de rua, jazz e balé são as danças que se vê no palco. Não é uma
festa de resgate à cultura brasileira? Não somos nós que não precisamos
“importar” tradições? Então, onde estão os ritmos, as crenças e as tradições
brasileiras? “Queremos mostrar que não precisamos de festas com morcegos,
vampiros e coisas que assustam”, diz a organizadora. Será que as crianças ainda
se assustam com fantasmas? Nesta tarde estavam preocupadas em pegar seus balões
e brincar, sem ao menos escutar as palavras da “tia” que falava e rezava lá no
palco.