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Matéria 3154, publicada em 26/10/2006.


:Divulgação

Porsche: afinidade com tecnologia resultou em um de seus projetos mais brilhantes

Longa espera que valeu a pena

Eva Croll

O criador do Fusca nasceu em 3 de setembro de 1875 na região da Boêmia, hoje parte da República Tcheca. Porsche vivenciou uma época de grandes novidades que se tornaram indispensáveis nos dias de hoje. Uma delas foi a descoberta da luz elétrica, por Thomas Edison, em 1879. Desde muito jovem o projetista já se interessava por mecânica e por elétrica, tanto que, com apenas 18 anos, foi enviado a Viena para continuar os estudos e trabalhar na empresa Bela Egger, produtora de equipamentos elétricos. Porsche iniciou na fábrica como técnico, mas demonstrou tanto talento com as máquinas que em apenas quatro anos foi promovido gerente da área de testes.

O fim do século XIX foi marcado por diversas descobertas na área científica e tecnológica. Além da lâmpada, houve também o desenvolvimento da fotografia, motor a combustão, telefone, rádio e avião. Logo se percebe que Porsche nasceu no período mais propício para aplicar suas habilidades.

No ano de 1880, os automóveis não passavam de carroças equipadas com pequenos motores. O preço destes carros era elevado demais, já que sua produção era artesanal e extremamente limitada. Em 1898, Porsche é contratado por uma das empresas fabricantes destas carruagens – Jacob Lohner & Company -, a qual apostava no futuro do automóvel.


O futuro inventor do Fusca foi incumbido, então, da missão de criar um motor elétrico. Após desenvolver diversos protótipos, é na Exposição Mundial de Paris, em 1900, que Porsche apresenta o automóvel elétrico, o primeiro desenvolvido pelo homem, e que posteriormente serviria de base para seu maior projeto: sim, o Fusca! A partir daí, o projetista começa a ser reconhecido no ramo automobilístico, além de ganhar um dos maiores prêmios da exposição.

Em 1905, o inventor aceita o convite para trabalhar na firma Austro-Daimler, sendo promovido a diretor técnico um ano depois. Lá, desenvolveu um novo veículo, o Maja, já movido a gasolina e dispondo de quatro marchas. Porém, com a Alemanha derrotada na Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), a empresa passa por dificuldades econômicas, já que num período pós-guerra a demanda por automóveis era baixíssima. Foi a partir deste período, então, que Porsche começou a ter as primeiras idéias para desenvolver um carro popular e acessível a todos.

Algum tempo depois, o inventor muda de empresa, passando a trabalhar na Steyr como projetista de automóveis. No mesmo ano em que ingressou na firma, em 1929, Porsche desenvolveu uma limusine aclamada no Salão de Paris. Mas apesar dos sucessos, a empresa veio a fechar algum tempo depois, devido à Quebra da Bolsa de Nova Iorque, evento que deixou milhares de desempregados, incluindo Porsche.

Foi então que o inventor procurou se estabilizar por conta própria, montando um estúdio de desenho em Stuttgart, o Porsche Bureau. No primeiro dia do ano de 1931, o negócio já prestava serviços de consultoria a empresas automobilísticas.

A ascensão do nazismo na Alemanha, em 1933, visava a criação de um veículo popular, indo de encontro com os objetivos de Porsche. Após diversas negociações nos anos seguintes, o projetista continua seus trabalhos de criação do tão sonhado automóvel, mas desta vez com auxílio do governo, fazendo assim com que o sonho se concretizasse.


Mais alguns protótipos foram construídos, recebendo aperfeiçoamentos a cada modelo, até que se resultou no VW 38, em 1937, o qual já possuía as formas definitivas do carro. A fábrica que produziria o veículo começou a ser construída no mesmo ano, e os automóveis passaram a ser vendidos em consórcio. O KDF-Wagen, porém, teve que ter sua produção cancelada com o estouro da Segunda Guerra Mundial. Carros militares começaram a ser fabricados, utilizando a mecânica Volkswagen – em alemão, carro do povo.

Porém, no fim da Guerra, acontece algo que não estava nos planos de Porsche. Interrogado pelo exército norte-americano sob suspeita de participar dos planos de governo alemães, fica preso por dois anos em Paris. A fábrica do “carro do povo”, a Volkswagenwerk, foi parcialmente destruída por bombardeios da Guerra. Assumida e reformada pelos ingleses em 1946, passa a produzir e comercializar o veículo idealizado por Porsche.

A 30 de janeiro de 1952, Ferdinand Porsche sofre um infarto e falece, com a certeza de ver que seu projeto, enfim, já não passava somente de rabiscos em um papel.


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