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Matéria 0308, publicada em 25/09/2003.


:Divulgação

Pesquisa resgatou 17 dissertações do ex-presidente Vargas

O Brasil toma conhecimento da gênese do pensamento de Getúlio Vargas graças ao trabalho meticuloso e esmerado do professor do Bom Jesus/Ielusc Álvaro Larangeira e do historiador gaúcho Décio Freitas. Em A Serpente e o Dragão, os dois resgatam os originais das provas acadêmicas do mais importante estadista brasileiro na Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre, hoje Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). São 17 dissertações correspondentes aos anos de 1904 a 1907. Nelas consta o esboço das idéias do homem que governou o país durante os períodos 1930/45 e 1951/54. Getúlio Vargas ingressou na instituição como aluno ouvinte em 1903. No ano seguinte foi aprovado. Em dezembro de 1907, formou-se. Os exames estavam guardados no arquivo da faculdade havia 96 anos.

Lançado no salão nobre da faculdade de direito da Ufrgs, o livro publicado pela editora Sulina culmina o esforço iniciado pelo ex-diretor da faculdade Eduardo Carrion. Numa conversa informal, em 2002, ofereceu o material para Décio Freitas. Antes, Carrion havia proposto a pesquisa a historiadores, sociólogos, jornalistas e inclusive à Rede Brasil Sul. Como resultado prático, duas páginas a respeito do assunto no jornal Zero Hora, em 1998. De posse das cópias das provas, Freitas convidou Larangeira para transcrever os trabalhos. No decorrer da atividade, o jornalista e docente da disciplina de redação jornalística no Bom Jesus/Ielusc elaborou um índice onomástico, com pequenas biografias dos 80 autores mencionados por Getúlio Vargas. Por último, Décio Freitas fez a apresentação da obra.

O título A Serpente e o Dragão refere-se ao provérbio Serpes nisi serpentem comederit non fit draco, citado pelo jurista e escritor Tobias Barreto numa colação de grau em abril de 1883 para explicar o direito não como fenômeno metafísico, e sim um produto da cultura humana. O significado do ditado é a serpente que não devora a serpente não se faz dragão. A força que não vence a força não se faz direito. O direito é a força que venceu a própria força. Getúlio o utiliza duas vezes. Primeiro na prova de Filosofia do Direito e depois na de Direito Civil, redigidas em 1904. Os organizadores interpretam de maneira diferente o apreço de Getúlio pela máxima latina. “A serpente representa o indivíduo e o dragão o Estado. O individual deve se submeter ao coletivo”, explica o historiador. Larangeira, no caso, analisa doutra forma. “Getúlio Vargas devorou quem se opusesse no seu caminho para se tornar dragão. Como última alternativa, decidiu fazer do dragão um mito e suicidou-se”, justifica. Os juízos de Álvaro Larangeira e Décio Freitas são compreensíveis. Getúlio Vargas sempre instiga leituras divergentes.

V. também:

Capa do livro (309)

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