Assessoria de imprensa é uma forma diferente de fazer jornalismo. A busca pelo furo e a pressão diária perdem lugar para publicações meticulosamente planejadas, com objetivos definidos pelo contratante. É uma prestação de serviços em que os esforços se concentram na satisfação do cliente. O ambiente informal da Mercado de Comunicação, criada há uma década, denuncia peculiaridades que jamais ocorreriam em uma redação de jornal. No escritório principal, formado por dois computadores e uma impressora, também compõem o cenário garrafas de café, maços de cigarro, roupas espalhadas e sobras de comida. Forma-se uma atmosfera despreocupada. A organização do espaço profissional parece ser apenas um detalhe, como se não interferisse nas atividades da empresa. E, de fato, não interfere.

Guilherme e Ana Diefenthaeler é o casal responsável pela condução da Mercado de Comunicação. Daisy Trombetta, repórter recém formada no Ielusc, e Juliana Medeiros, encarregada da administração, integram o restante da equipe. A maior parte dos trabalhos é realizado para clientes fixos, que garantem a rentabilidade do negócio. Revistas, folhetins e releases publicados pela assessoria dos Diefenthaelers são desprovidos de imparcialidade e crítica. Nomes são associados aos melhores adjetivos, conforme o desejo de quem paga pelos serviços. Isto não é um pecado contra a ética. É a lógica de mercado.

Em tom paterno, Guilherme fala das subordinadas. Aliás, fala sem parar. Em poucos minutos convence qualquer pessoa de que é um bom patrão. Ele diz sentir prazer quando paga algum funcionário: “É gratificante saber que estou dando oportunidades”. A esposa, muito mais econômica com as palavras, se ausenta do escritório com freqüência. Provavelmente as saídas são forçadas pela presença dos visitantes. Quando retorna, carrega de volta o maço de cigarros, após transformar um deles em cinzas.

A ausência de perguntas, causada pela fala ininterrupta, não impede o professor Diefenthaeler de detalhar cada segmento da empresa. Clipagens diárias medem a produtividade da Mercado de Comunicação. Jornais, revistas e sites são revirados na busca de assuntos promovidos pela assessoria. O talismã da casa é a Revista Döhler, uma publicação semestral bancada pela multinacional do ramo têxtil. Aliás, esta proximidade entre assessoria e empresa torna-se inevitável. A liberdade existente no ambiente de trabalho, tão incomum em outras áreas do jornalismo, fica em segundo plano na hora de produzir. Os clientes exigem, os assessores fazem.