A noite de ontem fez frio. Mas não um frio qualquer. Poucos sabiam, mas os termômetros anunciavam um gelo fúnebre que violava corpos e mentes em uma madrugada de perdas. O rigor da temperatura queria avisar o que poucos já sabiam: em algum lugar, neste 21 de agosto de 2006, um sotaque baiano silenciava nos ares sulistas de Joinville. Rui Borba. Urbanista de incontestável talento e competência que, depois de décadas de dedicação ao povo joinvilense, parte, nesta que constitui uma das mais injustas renúncias impostas pelo destino.
Companheiro de incontáveis tardes dedicadas ao pensar sobre a cidade, “o Rui”, como era tratado pelos amigos do Legislativo, leva consigo uma cidade inteira no fechar de suas retinas. A Joinville que só ele enxergava e ajudava a construir para o benefício coletivo, sem paixões político-partidárias. Algo que agora, lamentavelmente, as comissões e seus membros terão de fazer sozinhas.
Hoje, todos abrimos os olhos para uma manhã que acordou com o mesmo frio de tristeza, mas com humor ensolarado que sempre marcou a personalidade do nosso nadador urbanista. Temos certeza que é com o conforto desse “quentinho” do sol que ele nos vislumbra de lá do mundo de consciência que a sua alegria ajudou a construir, no passar dos anos, pelos corredores da CVJ.
É assim que nos portaremos. Relembraremos as piadas e o gargalhar nas comissões. Porque hoje uma cadeira permanecerá vazia no 10° andar do prédio do Banco do Brasil, os elevadores deixarão de fazer uma viagem e todos ficaremos sem o cumprimento animado de sempre, mas as lembranças que marcaram a passagem desta figura fantástica por nossa história não se apagarão. A vida seguirá seu rumo. Façamos por merecer.
Robson Silva, assessor na Câmara de Vereadores, é aluno do 8º semestre de jornalismo no Ielusc