Sob um sol escaldante, pedestres e comerciantes vivem as conseqüências do inverno atípico. Na tarde de 14 de agosto, no centro de Joinville, quando os termômetros indicavam temperaturas acima dos 30 graus, a grande movimentação dos sorveteiros em frente ao terminal de ônibus denunciava a tentativa de aliviar o calor.
No local, a maior procura é pelos sorvetes do tipo italiano. Cerca de dez vendedores, entre parceiros e concorrentes, são responsáveis pela venda das procuradas casquinhas. Valmir Amorim dos Santos, 36 anos, comanda a maior parte dos funcionários. Segundo ele, nos dias quentes são vendidos mais de 300 sorvetes. “A correria não pára enquanto o sol não baixa”, garante o comerciante, apressado para atender aos clientes.
Marli Moreira, 56 anos, comemora o clima hostil. Dona de um pequeno quiosque na Rua Itajaí, Marli conta que o calor precoce aumentou as vendas em 40%. O estabelecimento, que antes concentrava o comércio de cafezinhos, agora vê o estoque de sucos e refrigerantes se esgotar. “Esse tempo até parece plano de governo, não dá para entender nada”, brinca.
A alegria de alguns é motivo de sofrimento para outros. Francisco Vieira, 50 anos, passa o dia inteiro vendendo bilhetes lotéricos debaixo do sol. Com um copo de cerveja na mão e muito bom humor, Francisco revela o segredo para agüentar as altas temperaturas: “O jeito é se manter sempre hidratado, de preferência tomando uma gelada”.
No setor logístico, comerciantes se apressam para dar fim ao estoque de inverno. Cristina Santos, 30 anos, conta que decidiu promover uma liquidação de agasalhos. “Só consigo vender se for com 50% de desconto”, alega. Impulsionadas pelo calor, as lojas agora apostam na linha primavera/verão.
De acordo com o Climerh (Centro Integrado de Meteorologia e Recursos Hídricos de Santa Catarina), os termômetros só devem baixar a partir de quarta-feira, devido a uma massa de ar frio que chega a Argentina.