Na roda do mundo,
mãos dadas aos homens,
lá vai o menino
rodando e cantando
cantigas que façam
a vida mais doce,
cantigas que façam
os homens mais crianças.
(Thiago de Mello)
Samuel Pantoja Lima
Rio da Prata, 26 de junho de 2006. Os sinos de Pirabeiraba dobram por você, companheiro Norberto Pabst Jr. Um vento forte varre o cinza da manhã enquanto nos despedimos de você: teus pais, opa e oma, irmãs, familiares, amigos do curso de jornalismo e comunidade – que te viu nascer e crescer naqueles espaços.
Um estranho sabor de vazio me invade a alma. De repente, restam apenas palavras fugidias, desconexas, simplórias. Penso na tua presença em sala de aula, nos espaços de convivência do curso; na tua capacidade de fazer amigos & amigas, seriedade e compromisso sempre tão fortemente marcantes.
No fundo de mim, ouvia a tua voz no debate de “Pesquisa em Comunicação”, que lecionei em parceria com o Pedro Russi no último semestre. E subjacente, uma canção do Caetano Veloso que diz: “gente é pra brilhar”. E você brilhou, novo e velho amigo... Tua luz intensa é uma referência, consolo, conforto que todos & todas que tiveram o privilégio de conviver um pouquinho contigo passam a ter, doravante.
Não há lógica terrena ou esotérica capaz de explicar esse vazio, essa saudade que se projeta sobre os morros, a perder de vista... para sempre! Como entender as tramas dessa vida tão paradoxal se você parte na plenitude dos teus 22 anos, recentemente comemorados? Restam as questões de fé de cada um de nós – e um silêncio profundo, como um longo e acolhedor abraço dentro da manhã veloz...
Parodiando o poeta Ferreira Gullar, quando da partida de Clarice Lispector, enquanto te sepultavam no cemitério luterano do Rio da Prata (e o clarão do teu olhar soterrado resistindo ainda), todos nós que ficamos pegamos o caminho da vida – que segue inexorável – na direção de Joinville... As pedras e as nuvens e as árvores no vento, mostravam alegremente que não dependem de nós...