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Matéria 2339, publicada em 21/06/2006.


:Lucas Balduino

Homens fazem declarações em portas de banheiro

Sozinhos no banheiro, eles enfim expressam os sentimentos

Letícia Caroline


Como será o banheiro dos homens por dentro, é pergunta freqüente nas rodas femininas. Adentrando o reduto masculino, a curiosidade aumenta e se esvai em poucos segundos. O mesmo piso acinzentado, a mesma faixa laranja na parede. Não fosse por pequenas singularidades, os banheiros masculino e feminino seriam idênticos.

A diferença aparente está no número das coisas. Enquanto as mulheres têm à disposição 10 cabines e nove pias, os homens podem utilizar sete cabines e sete pias. Duas pias a menos. Seria por que eles são tão distraídos que esquecem até de lavar as mãos? Além disso, o que não poderia passar despercebido por um olhar feminino é o tamanho do espelho. Será que as mulheres se preocupam excessivamente com a imagem? Ou os homens simplesmente não gostam do resultado que vêem refletido?

Em análise mais profunda, as portas são o alvo de investigação. O banheiro estava cheiroso. Claro, as zeladoras tinham acabado a limpeza naquele instante. Nenhum ser do sexo masculino havia colocado os pés lá dentro. Para eles, as portas das cabines são um meio de comunicação. Até mais que isso. Sozinhos e concentrados em suas necessidades fisiológicas, parece que se sentem livres para expressar os sentimentos. Longe das mulheres, fechados em um compartimento, demonstram algum indício de sensibilidade. Esperança para a turma feminina. “Bruna e Marcelo juntos para sempre”, “Te amo!”, “Macka e Bruna”, são algumas declarações rabiscadas nas portas. Será que não foram as namoradas que entraram lá e escreveram isso? Ainda tenho minhas dúvidas.

Além das declarações românticas, reivindicações sociais também podem ser lidas nas portas masculinas. “Passe livre já!” e “Diga não ao aumento das passagens”, são exemplos disso. No entanto, como era de se esperar, a maioria das inscrições refletem o que os homens são fora do seu “reduto”; falam sobre mulher, sexo e futebol. Nada muito criativo.

Fora essas coisas, o objeto mais curioso no banheiro masculino é o mictório, peça que ganhou maior visibilidade com Marcel Duchamp (1887 - 1968). O pintor e escultor francês, pertencente à corrente dadaísta, introduziu na arte a idéia de ready made — pegar um objeto da vida cotidiana e transformá-lo em obra de arte. O primeiro objeto escolhido por Duchamp foi justamente um urinol. Para os homens, a invenção desse utilitário deve ter sido um avanço. Afinal, não precisam se preocupar com tampas para levantar ou fechar. No entanto, o eterno problema de mira ainda deve persistir. Se eles erram nas privadas que são maiores, imagina nos urinóis? De acordo com Venilda Spiler Se zeladora no Bom Jesus/Ielusc há 12 anos, “coisas fora do lugar” são rotina em ambos os banheiros. Pelo que parece, as diferenças entre homens e mulheres não são tão grandes quanto imaginamos.

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