Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 2337, publicada em 21/06/2006.


:Letícia Caroline

Inscrições religiosas são encontradas nos banheiros femininos

O mito é falso: elas são as que mais sujam banheiros

Lucas Balduino


O banheiro feminino em nada difere do masculino. Ainda não sei, como homem algum sabe, o porquê de elas irem juntas ao banheiro – coisa que nós não nos dispomos a fazer. De diferente, só a ausência dos urinóis e as inscrições nas portas. Se analisadas as plantas como um espelho, no bloco A, o mictório reflete uma cabine para deficientes físicas e no bloco C, duas cabines. Os dois têm o mesmo cheiro típico, o das mulheres não é mais cheiroso e não aparenta ser menos feio, só tem mais espelhos.

Entrei de cabine em cabine, sentei-me de vaso em vaso, na esperança de me deliciar com as coisas exteriorizadas nas portas. Triste ilusão. Nada de surpreendente. Elas escrevem poemas, assinam seus nomes e, principalmente, lembram de música e de religião dentro do cubículo – coisas não praticadas pelo clube do bolinha. Não é difícil ver “Jesus” dividindo a porta com bandas como “Green Day” ou “Coldplay”.

O que tem de mais revelador no banheiro feminino são os fatos. A zeladora de 38 anos Venilda Spiler Se afirma que elas fazem muito mais sujeira que eles – vítimas de chacota por “errarem a mira” e sempre deixar respingar algo no assento. Tal fato justifica a separação dos banheiros por sexo: as mulheres necessitam de um banheiro especial, já que se sentam para urinar. Contudo, a regra é diferente no Ielusc. Talvez seja por isso que elas disponham de mais pias: das 31 no Ielusc, 17 são só delas. Elas têm 19 dos 32 vasos sanitários, e até direito a um chuveiro no bloco C. É numa mistura de lástima com divertimento que Venilda relata o dia em que uma aluna sujou todas as paredes do cubículo de forma inexplicável. “Não sei se ela estava com dor de barriga ou o quê, mas era sujeira no bacio, na parede, no chão”.

Quem sabia que “Drikinha ama Roberta”? ou que o professor Jacques é lunático? Elas! Também afirmam que “Se Diabo fosse respeito, não tinha chifre” (ou seria: se barba fosse respeito, bode não tinha chifre). A Leonardo da Vinci foi atribuída a citação: “A doçura do mel nem sempre vale a ferroada da abelha”. À Aids, a definição “Agora Idiota Durma Sozinho”.

Os materiais usados para escrever nas portas são os mesmos que no banheiro masculino: canetas, canetões, corretivos e outros objetos que arranhem a madeira. Contando com as frases citadas, são 29 o número de inscrições – divididas em nove portas. E, para simbolizar a instituição religiosa onde são encontradas, nada melhor do que finalizar este texto com outra mensagem das portas: “Deus te abençoe”.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.