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Matéria 2327, publicada em 16/06/2006.


Base governista quer transformar nepotismo em lei

Leonel Camasão

A prática de empregar parentes dos políticos eleitos ou nomeados continua a chacoalhar os ânimos da Câmara de Vereadores. Dez membros da bancada governista entraram com uma proposta de legalizar o nepotismo cruzado, ato de empregar parentes dos vereadores em órgãos da prefeitura e vice-versa. A polêmica começou em novembro do ano passado, quando o vereador Adilson Mariano (PT) apresentou um projeto de lei que extinguia o nepotismo, em todas as suas formas, em Joinville. O projeto foi barrado no plenário. Em março, o presidente da Câmara, Darci de Matos (PFL), baixou uma portaria proibindo a prática apenas no legislativo, seguindo o exemplo do Poder Judiciário. Entretanto, a portaria pode ser retirada a qualquer momento.

Vereadores acuados?

Cada vereador dispõe de exatos R$ 11.383,56 de verba pública para pagar os assessores. Durante as entrevistas que a Revi realizou com os 18 vereadores, foi pedido a cada membro do legislativo a listagem de seus assesores e suas repectivas formações. Vários deles afirmaram que não haveria problema nenhum em ceder os nomes dos assessores. Entretanto, não foi bem o que aconteceu.

João Luiz Sdrigotti (PMDB) revelou que trabalha com 18 assessores no total, mas negou revelar os nomes de cada um. Dalila Rosa Leal (sem partido), disse, em entrevista gravada, que pediria a sua assessoria para passar as informações por e-mail. Quando a Revi entrou em contato novamente, a assessora da vereadora atendeu a equipe de forma grosseira, dizendo que não via necessidade em divulgar os nomes. Marco Aurélio Marcucci (PSDB), Carmelina Alves Barjona (PP), Marcos Aurélio Fernandes (PT) também se comprometeram em divulgar a lista, mas não passaram as informações, apesar da insistência.

Fábio Dalonso (PSDB) não hesitou em passar o nome e a formação de sua equipe. O vereador, inclusive, fez questão de destacar que exige que seus assessores continuem estudando, como é o caso do motorista João Torres, que só continua trabalhando com o vereador porque voltou para a escola. Já o vereador Adilson Mariano (PT) revelou o nome completo de todos os seus assesores, seus telefones, e-mails, e, no caso dos parlamentares externos, os bairros onde atuam. Jucélio Girardi (PMDB) também repassou os nomes dos membros de sua assessoria.

Nepotismo cruzado ainda é comum na cidade

Edilma Lemanhê, assessora do vereador Luiz Bini (PSDB), insistiu que a equipe da Revi buscasse as informações da assessoria do parlamentar no Jornal do Município. Por si só, ela não quis revelar nenhum nome do gabinete. Seguindo o conselho, a equipe da Revi fez uma busca nas edições do periódico oficial e constatou que Edilma Lemanhê é filha do secretário regional do Paranaguamirim, cargo que já foi ocupado por Bini. Caso parecido aconteceu com o filho do vereador Lauro Kalfels (sem partido), Jonata Kalfels, que até mês passado exercia cargo comissionado de chefia em um dos setores da Conurb.

 

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