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Matéria 2320, publicada em 14/06/2006.


"Tudo ao seu tempo"

concedida a Leonel Camasão

Fábio Alexandre Dalonso é formado em ecologia. Sempre teve carreira militar, na qual exerceu diversas funções. Em 2002, assumiu a Defesa Civil do município. Também foi o responsável pela Fundação Municipal de Vigilância de Trânsito no mesmo ano. Não de morou muito e o PSDB o convidou para sair candidato a vereador. Segundo ele, a campanha foi pensada, estuda e gerida para vencer. Hoje, Fábio Dalonso é o principal nome para substituir o presidente da Câmara, Darci de Matos (PFL) no início do ano que vem.

Você se surpreendeu com o número de votos?

Dalonso: Confesso que estudei durante um ano e meio, trabalho muito em cima de um planejamento estratégico na minha campanha. Estudei de forma científica durante um ano e meio. Fui o décimo primeiro mais votado do estado. Quinto mais votado no município. Então se tu pegares as pesquisas das empresas, tu vai observar que o meu nome já estava ocilando entre quarto e quinto colocado para vereador seis meses antes das eleições. Então já vinha num planejamento. É claro que você se surpreende por ser a primeira vez, e da forma como eu fiz, sem dinheiro. E você não viu placas minhas por aí porque não tinha dinheiro. Conseguimos chegar lá. Hoje, na Câmara de Vereadores se você olhar minha primeira moção que apresentei, meu primeiro projeto, se tu me perguntares qual a minha grande bandeira, é planejamento estratégico de Joinville. Meu primeiro trabalho apresentado foi pedindo que o executivo municipal usasse o planejamento estratégico (PE) como principal ferramenta para o nosso futuro. Porque isso? Porque o PE não foi o Dalonso, não foi o Leonel, não foi o prefeito, nem governador, é a sociedade que sentou durante dois anos para discutir e eu participei. O que nós queremos para o futuro de Joinville, para a futura geração? E ali eu vejo que é a principal bandeira. Porque muda prefeito muda vereador, mas tem um norte? Joinville quer ser uma cidade sustentável com qualidade de vida, orgulho de sua gente que chegou a essa visão. Outra questão que defendo muito é a questão ambiental, sou um defensor da água. Uma porque moro em Pirabeiraba, e 80% da água que abastece Joinville vem de lá. E água é uma questão de estratégia, existem vários lugares no mundo hoje que por um erro estratégico estão sem água. Você que é um cara inteligente estudioso deve ter acompanhado isso. Rio e água é uma questão estratégica e nós não podemos brincar.

Analisando então a questão da água, qual a sua opinião sobre o sistema Flotflux? E as recentes tainhas surgidas no rio?

Dalonso: Eu sou otimista nessa questão do Cachoeira. Como político, eu tenho um olhar otimista. Até porque dentro da Câmara eu sou um dos maiores defensores da questão ambiental. Tudo que eu puder fazer para que isso aconteça, eu vou fazer e vou ser otimista. Essa questão da tainha eu prefiro aguardar o laudo técnico pra verificar de fato o que aconteceu, por não ser técnico da área.

Como membro da mesa diretora, o senhor não participa das comissões da Câmara. Entretanto, a idéia de fazer uma comissão sobre o meio ambiente partiu do seu gabinete?

Dalonso: Não necessariamente. Talvez por eu ter levantado uma das principais bandeiras e ter discutido muito isso. Eu faço parte do conselho gestor do plano diretor. Sou representante da Câmara de Vereadores nesse conselho gestor. E tenho falado muito sobre isso. Participei de quase todos os encontros que houveram ano passado. Via a questão ambiental muito discutida e destacada por parte da comunidade. Isso foi criando corpo e hoje existe essa comissão importante.

Dentro dos seus projetos de lei qual você considera mais importante, tenha sido ele aprovado ou não?

Dalonso: Um dos que eu entrei agora, voltada ao meio ambiente. As das calçadas. Eu entrei com uma emenda modificativa, que todo o material utilizado nessas calçadas tem que ser um material de baixo impacto ambiental sobre a água. O que eu quero dizer é que seja retirado de morro e não de rio, ou seixo rolado.

O senhor acompanhou a legislatura passada?

Dalonso: Se há cinco anos atrás me perguntasse se eu tinha pretensão política eu não tinha. Foi acontecendo, não tenho histórico político. Minha vida se resume a vida militar.

A relação dessa legislatura está mais difícil, turbulenta?

Dalonso: Não respondo pelo que não acompanhei: pelos meus companheiros eu respondo que sim. A nossa preocupação é preservar a instituição. São fatos isolados que aconteceram, algumas coisas estão sendo apuradas, outras não.

Você acha que a câmara está sofrendo algum desgaste?

Dalonso: Acho que sim. Queira ou não queira. Eu diria que a classe política sofre desgaste. Mas eu vejo que esse momento vai ser um momento ímpar no país. A população está mais consciente, fiscalizadora. Na minha opinião, na questão do nepotismo, eu fui um dos que votou contra o projeto. O que entendo nesse caso é uma lei que não tinha consistência, e essas leis foram frágeis. Como legislador eu votei contra ao projeto. Não teria um desgaste mandar alguém embora por uma lei aprovada amanhã e ele entra na justiça e voltar? Haveria um desgaste. Achei que é inconstitucional o legislativo legislar o executivo. E achei que não deveria votar. Mas votei contra o projeto, não a favor do nepotismo. Tanto que não coloquei ninguém aqui. E jamais colocarei ninguém onde eu tenha poder. Minha esposa é funcionária da prefeitura, mas é concursada. Ioná da Silva Dalonso. Uma das maiores autoridades de turismo em SC.

Qual o seu posicionamento no caso Kalfels?

Dalonso: Ele mesmo se manifestou que foi uma falha. Um problema interno na assessoria. Mas o principal, não é dinheiro público. Eu não sei o que ele quis fazer, presentear, não sei, mas foi particular dele. Não foi dinheiro público. A própria Betina, que tenho muito respeito, uma grande profissional, disse que ele não pediu nada em troca. Então não caracteriza suborno. Um próprio vereador comentou que foi bobeira, por questão ética. Mas não é desvio. Quando aconteceu o primeiro cara que ligou pra ele fui eu. Ele me explicou e eu acompanhei.

Mesmo que o vereador não tenha pedido nada em troca, o senhor não pensa que se ela aceitasse isso criaria um vínculo?

Dalonso: Se eu te der R$ 100 reais agora, você vai criar um vínculo? Vai falar bem do Dalonso? Vai muito do profissional. O assunto Lauro no meu entendimento foi uma questão que os depoimentos, as circunstâncias, quando ela deu o depoimento que não pediu nada em troca, pra mim encerrou.

O senhor será candidato próximas eleições para presidente da Câmara?


Dalonso: Tudo ao seu tempo.

Se o Darci de Matos vencer você fica presidente?


Dalonso: Sim, assumo. Um mês antes também. Ele não precisa se licenciar, mas ele vai porque a correria é grande, e ele não quer correr nenhum risco de algum problema interno se tornar um empecilho. Até outubro eu assumo, talvez no máximo uns dois meses.


No final do ano tem outra eleição na Câmara para presidente. Você se candidata?


Dalonso: Olha, tem muita água pra rolar ainda. Um grupo de vereadores tem nos procurado pra ocuparmos o espaço de pré-candidato. Estou me preparando para tal. Se for a intenção e a vontade dos vereadores eu tenho que estar habilitado para isso.

Você tem, a longo prazo, alguma ambição política maior?

Dalonso: Eu penso só na minha reeleição. Ser aprovado como vereador, vai de uma aprovação dos seus eleitores se eles aprovaram ou não. Ai vai de outros horizontes, outras opções. Meu pensamento é fazer esses quatro anos bem representados com votos de confiança.

Como o senhor vê as várias tarifas, IPTU, limpeza urbana, tarifa de ônibus etc? Hoje essas tarifas são reguladas por decreto do prefeito. Você não acha que deveria passar por um acompanhamento dos vereadores, uma discussão?

Dalonso: Nada impede um acompanhamento. Uma das funções é fiscalizar. O acompanhamento eu posso ter. Hoje eu respondo a questão da passagem de ônibus com outras cidades e a qualidade não vejo que esteja muito acima alguma coisa exagerada, esdrúxula. A não ser que você tenha outros dados. Eu vejo que o transporte em Joinville está em boas condições.

Recentemente o jornal A Notícia publicou uma matéria sobre o sistema de transportes na cidade de Capinzal (SC), onde o transporte foi municipalizado e a tarifa custa apenas R$0,60. O senhor acha que algo parecido não poderia ser feito em Joinville?

Dalonso: O município hoje ele é obrigado a investir 15% do orçamento na saúde e 25% para a educação. Se eu não me engano, são 21, 22% de investimento na saúde. E mesmo assim você escuta “porque a saúde é isso, porque a saúde é aquilo”. Estamos num patamar onde as cidades da região vem para cá, para os nossos hospitais, e claro, isso você não consegue controlar. Precisaríamos de uns 1.500 fiscais para verificar se essas pessoas moram em Joinville. Na educação, nós temos um modelo onde se aplica mais de 25% do orçamento. Isso já dá quase 50% . Imagina se o município ainda for absorver os gastos do transporte? Hoje tem as PPPs (Parceiras Público-Privadas) são uma onda. O município está no limite: se você falar em aumentar o imposto você alopra, não alopra? Todo mundo alopra. Chegamos em um limite. Temos que trabalhar mais nessa linha. Imagina absorver o transporte coletivo? Se fosse uma coisa esdrúxula, exagerada, de má qualidade. Mas você vê o preço da tarifa, comparado a cidades do porte de Joinville, eu vejo que o preço fica tranqüilo.

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