O jornalista e apresentador do "Roda Viva" da TV Cultura, Paulo Markun,
esteve em Joinville para mediar um dos painéis da Expogestão 2006. Momentos
antes de o encontro começar, ele concedeu uma entrevista exclusiva à Revi e
criticou a falta de concorrência na imprensa catarinense: "O estado tem o
domínio de um grupo de comunicação [RBS] de uma tal maneira que dificulta
a concorrência, tanto no mercado impresso como na TV". Ele, que atualmente mora
em Florianópolis, lembrou que no final da década de 1980 o jornal O Estado
dominava o mercado impresso em Santa Catarina, enquanto o recém-lançado Diário
Catarinense enfrentava muitos problemas. Nos últimos anos, a situação se
inverteu: "Isso talvez seja culpa da própria concorrência. Da maneira na qual
são administradas e geridas as empresas de comunicação no país".
Markun acredita que a internet só vai conseguir substituir o jornal impresso
quando ela dar respostas a duas questões fundamentais: "A hierarquia da
informação e a credibilidade". Ele complementa dizendo que falta um controle na
distribuição das notícias da web: "Uma matéria substitui a outra sem que ela
necessariamente seja mais importante", e que "os blogs e os meios de comunicação
pessoal nivelam por baixo o valor da informação por não deixar claro quem está
produzindo, como se obteve e qual é o grau de veracidade" dos fatos narrados.
Depois de escrever alguns livros como "Meu Querido Vlado: a História de
Vladimir Herzog e do Sonho de uma geração" e "Anita Garibaldi: uma Heroína
Brasileira", o jornalista afirma que a literatura pode ser uma alternativa para
a falta de recursos dos jornais, que inviabiliza a publicação de grandes
reportagens. "Embora tenha uma circulação muito pequena, o livro é um campo
de trabalho que permite uma abordagem maior". Sobre o jornalismo da TV Cultura,
que vem recebendo muitas críticas, Markun foi sucinto: "Depois de passar
por momentos de instabilidade agora ele está buscando um caminho". Para os
focas, estudantes ou recém-formados em jornalismo, ele sugere: "Tem que ter
curiosidade, saber ouvir principalmente. A questão é ter ousadia e
persistência".
O jornalista
Paulo Markun é jornalista há quase 35 anos. Já passou por importantes
veículos de comunicação como o Pasquim de São Paulo, revista Imprensa, revista
Radar e Jornal do Norte, de Manaus. Na televisão, além do Roda Viva, já atuou à
frente dos programas Questão de Ordem, Fogo Cruzado, Jornal da Record, Jornal da
Manchete e SPTV. Ele também é comentarista político do portal Terra e presidente
do Santacine (Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de Santa Catarina).
Na área do marketing político, coordenou a campanha de Mario Covas para o
governo do Estado de São Paulo.
Multimídia
> Confira na íntegra a entrevista com Paulo Markun