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Matéria 2194, publicada em 24/05/2006.


A qualidade do radiojornalismo em Joinville

Samuel Pantoja Lima

Quando o ouvinte liga o rádio busca encontrar uma programação musical de qualidade, reportagens e entrevistas esclarecedoras, informações relevantes e de interesse público. Para os jornalistas, o desafio é sempre publicar a notícia com clareza, concisão, precisão e correção – como ensinam os mestres do radiojornalismo.

Este paradigma de qualidade noticiosa e prestação de serviço tem sido objeto de nosso trabalho no curso de jornalismo do Bom Jesus/Ielusc, com dois objetivos: contribuir para qualificar o mercado de trabalho e o desenvolvimento social de Joinville e região. O interesse público é o referencial obrigatório para qualquer profissional e veículo de comunicação social. Quando esse horizonte ético se perde é a sociedade que começa a perder. É nesse momento que a transformação do rádio em negócio escuso ameaça os interesses maiores da cidadania e se materializa como desserviço à democracia.

O jornalista Milton Jung, em seu livro “Jornalismo de rádio”, esclarece que hoje “existem cerca de 3.640 emissoras de rádio cobrindo o território nacional. Segundo dados do Grupo de Mídia/IBGE, 86,9% dos domicílios tem aparelhos e 99,9% dos brasileiros ouvem rádio. E acreditam no que escutam, como apontou o Ibope em pesquisa recente. O índice de credibilidade do rádio só é inferior ao da Igreja Católica” (JUNG, 2004: p. 60). Nesse cenário, o compromisso social de um profissional do rádio deveria ser algo tão natural quanto respirar.

Tal compromisso deveria ser fundado no princípio consagrado no artigo 4º do código de ética profissional dos jornalistas: “A prestação de informações pelas instituições públicas, privadas e particulares, cujas atividades produzam efeito na vida em sociedade, é uma obrigação social”. Como concessão pública, o rádio deveria nortear sua atuação por esse caminho.

O debate sobre a qualidade do radiojornalismo em Joinville, suscitado pela publicação de duas reportagens em um periódico local, deve ser colocado num patamar elevado. É preciso assegurar espaços para que a sociedade manifeste, permanentemente, seu juízo sobre os meios de comunicação. Sem controle social, a mídia flerta com a baixaria, vicia-se com o duplo emprego.

Joinville tem jornalistas e radialistas com relevantes serviços prestados à comunidade, com reputação, integridade e formação profissional. Há paradigmas no mercado que merecem todo nosso respeito porque contribuem com um rádio socialmente comprometido e de qualidade. Mas não há lugar mais para o achaque, a extorsão e o achincalhe como prática de quem pretende ser comunicador social.

É um dever da universidade discutir o que acontece na sociedade, defender condutas éticas, zelar pela qualidade dos meios de comunicação. Essa é a modesta contribuição que a instituição oferece, sem nenhuma pretensão de professar o monopólio da verdade, mas sem ceder a nenhum tipo de ameaça ou chantagem de quem se julga acima de toda sociedade.


Este artigo foi publicado originalmente em A Notícia (edição de 24/5/2006). Samuel Pantoja Lima é diretor do curso de comunicação social do Bom Jesus/ Ielusc.

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