Diretores de faculdade, coordenadores de curso, chefes de departamento, supervisores de laboratórios e líderes de grupos de pesquisa participaram da Edecom 2006, nos dias 11 a 13 de maio, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Pedro Ramirez, coordenador do curso de publicidade e propaganda do Ielusc, e Dicezar Leandro, professor da instituição e coordenador da AEP (Agência Experimental de Publicidade), estiveram presentes. Ramirez falou sobre as diretrizes pedagógicas do PPP (Projeto Político Pedagógico) do curso de comunicação da instituição, e Dicezar abordou as regulamentações do MEC e articulações pedagógicas para a criação de agências experimentais com enfoque no contexto institucional do Bom Jesus/Ielusc.
A professora Eunice Durham, coordenadora do Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior da USP, abriu a conferência no primeiro dia do fórum apresentando dados sobre o sistema educacional brasileiro. Ela discutiu números sobre uma pesquisa realizada com alunos de aproximadamente 15 anos, analisando a leitura e interpretação de textos. O teste nacional foi realizado em cinco níveis. Os baixos resultados destacam os aterrorizantes números da maioria. Foram 55% dos alunos que ficaram entre nível 0 e 1. "Percebemos que a dificuldade é nacional e não só nossa. São poucos os alunos que alcançam o ensino superior sabendo ler e interpretar texto”, comenta Ramirez.
O segundo palestrante foi Jaime Giolo, professor da Universidade de Passo Fundo, que destacou o avanço na quantidade de cursos de comunicação desde 1998. Hoje o Brasil contabiliza 624 cursos de graduação em comunicação social. Em 2004, abriram quase 130 mil vagas, 13% apenas nas universidades públicas. A relação de candidato/vaga foi de 1,9. Permaneceram ociosas 51% dessas vagas. Formaram-se no final do ano 24 mil comunicadores, o que indica uma desistência da metade dos estudantes.
O professor Ramirez esperava mais das discussões: “Achei que haveria discussão sobre o Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudante), mas esse assunto passou batido, assim como senti falta de discussão sobre os critérios nos processos de avaliação feitos pelo MEC”.
O segundo painel, de acordo com os representantes do Ielusc, também deixou a desejar. Nele, Luís Cláudio Latgé, das Organizações Globo; Eugênio Bucci, da Radiobras; o jornalista José Luiz Schiavoni; e Sérgio Murilo, presidente da Fenaj e professor do Ielusc, todos da mesma área discutiram as demandas de mercado. Para o professor Dicezar, as representações dos profissionais, todos do jornalismo, foram hegemônicas. “A fala deles não refletia a necessidade de mercado para todas as áreas de comunicação”, comenta. Os profissionais discutiam carências de marketing nos currículos dos comunicadores. Mas Dicezar conta que o curso de publicidade trabalha com isso. Para ele, faltaram na mesa de discussões profissionais de outras áreas de comunicação.
“Nos sentimos confortáveis quando saímos de lá. Nosso PPP está num estágio amadurecido. Estamos num lugar privilegiado”, conta Dicezar. “Agora o próximo passo é fazer com que os alunos conheçam esse projeto, que é muito rico”.
“Foi o primeiro de muitos eventos que virão. Está todo mundo preocupado com a visão de ensino”, comenta Ramirez. Discutiu-se bastante sobre a dificuldade de trabalhar com professores horistas. Nos cursos de comunicação social do Ielusc, apenas 10 de 35 são horistas. “É uma situação diferenciada que temos”, explica. Sendo que, a maioria dos professores tem pacote, isto é, mais horas de trabalho, estando mais envolvidos com as atividades dos cursos.