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Matéria 2108, publicada em 10/05/2006.


Jornalista aponta Lula como favorito à eleição presidencial

Letícia Caroline e Lucas Balduino


O jornalista e comentarista político Franklin Martins, em palestra ministrada no salão de eventos do LeVillage Hotel, em Joinvile, contextualizou o cenário político atual, enfatizando o período pré-eleitoral, com as atenções voltadas a Lula e a Alckimin, os grandes concorrentes. O evento fazia parte do Corporate Forum, reunião organizada anualmente pela parceria IBM e Logocenter e dedicada às lideranças empresarias da região. Martins falou das 20h30 às 21h08. Em seguida, respondeu perguntas da platéia até às 21h43.

Segundo a organização, 150 pessoas estavam acomodadas no local. Antes da fala de Franklin Martins, houve uma apresentação da Logocenter dirigida para seus clientes, que foi das 19 horas às 20h15. Com pontualidade britânica, tudo ocorreu dentro do previsto. O coffee break foi servido nos 15 minutos que antecederam a exibição de gala da noite, sendo servido água, café, leite e dois tipos de suco — que pela cor eram de uva e abacaxi. Não fosse o seu rosto conhecido, o grisalho de 57 anos e terno cinza teria passado despercebido pela platéia. Apesar de alto, só foi notado após Cacá Martan, mestre de cerimônia da noite, anunciar o ex-comentarista global.

Martins, que começou a trabalhar aos 15 anos no jornal Última Hora, iniciou falando sobre a conjuntura eleitoral do Brasil. Citou que o PMDB dificilmente terá candidato à presidência, embora Garotinho (PMDB-RJ) ainda possa se candidatar. Alckmin (PSDB-SP) chega à disputa aos “trancos e barrancos” devido à briga interna com José Serra e atualmente é o maior rival de Lula (PT-SP), candidato à reeleição. Enfocando a disputa entre os peixes grandes — Alckmin e Lula —, considera que a eleição pode ser decidida em primeiro turno, já que a soma dos votos dos candidatos que correm por fora, como Heloísa Helena (PSOL-AL) e Enéas Carneiro (Prona-SP), será ínfima. Contudo, acha mais sensato concluir que o Brasil terá segundo turno.

“Segundo as últimas pesquisas do DataFolha, Lula tem 42 pontos, sendo 30% de votos espontâneos, contra 20 pontos de Alckmin que tem 12% de votos espontâneos”, iniciou Martins, citando o chão de 30% de intenção de votos que Lula tem como base. As vantagens que Lula tem são consideráveis, segundo o comentarista. Primeiro porque é candidato à reeleição: “Pra se ter uma idéia, nos EUA, dos presidentes que concorreram à reeleição, apenas Bush pai e Jimmy Carter não conseguiram”. Segundo que, por estar no governo, as suas boas obras ganham respaldo com a população. Ele citou a inflação sob controle, os preços estagnados, o país em crescimento e o salário mínimo, que aumentou. Como pontos fracos de Lula, pontuou o caso do mensalão, a perda do seu estado-maior — José Dirceu, Antonio Palocci e Luiz Gushiken — e as pesquisas eleitorais, que apesar de estarem positivas para Lula no Nordeste, decaem nas regiões do “Brasil próspero, de Minas para baixo”.

Já Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, se apoiará no fato de estar com uma imagem muito boa no estado, que tem 22% do colégio eleitoral do país. Outro ponto é sua situação de desconhecido, que pode ser tanto boa quanto ruim: “Ele pode ganhar confiança do eleitorado na hora, mas talvez não haja tempo suficiente para isso”. Alckmin conta com o apoio daqueles que alavancam o PIB no país, os empresários preferem ele por ser um executivo. O lado negativo que Martins cita para o tucano é constituído pela falta de carisma, a péssima largada por causa das disputas no partido e a derrota no Nordeste, que registra proporção de seis votos para Lula contra um do candidato do PSDB. “Pessoalmente acho que ele vai crescer até 28 ou 30%, o problema é crescer depois disso”, resumiu o palestrante, posicionando Lula como o real favorito para a presidência.

Para concluir a sua fala e abrir espaço aos questionamentos da platéia, Franklin Martins citou que seja quem for o vencedor, não terá a maioria no Congresso, enfrentando os mesmos problemas dos presidentes anteriores.

Franklin Martins fala com a Revi

Após palestrar e responder às perguntas do público, o jornalista Franklin Martins falou, com exclusividade, para a Revi. Sentado no palco e demonstrando muita receptividade, falou tranqüilamente por quase dez minutos.

Para ele, o jornalista tem que passar pelo “escolão” da geral, para então se especializar. E quanto ao jornalismo político, afirmou que o principal é estudar história do Brasil e gostar de política.

A situação profissional também entrou em questão, pois o contrato do jornalista não foi renovado com a Rede Globo. Martins explicou que a emissora não deu um motivo aparente. Porém, ele vinha tendo uma relação desgastante com a direção da emissora desde o início da atual crise política. Ao assumir uma postura ponderada e independente quanto ao assunto, fugiu da linha adotada pela emissora. Agora, ele pretende se dedicar ao sítio virtual, mas disse que está em busca de emprego.

Outro assunto que gerou polêmica foi o “debate” com Diogo Mainardi. Franklin Martins confirmou que está processando tanto a revista Veja quanto Mainardi. A revista, por não ter publicado o artigo de resposta; e o jornalista, por calúnia e difamação.

Fazendo relação com a palestra dada, Martins citou Dom Quixote para explicar que na escolha de um candidato, é preciso ver o passado da pessoa. “Nós somos filhos da nossa obra”, disse o jornalista, parafraseando o personagem de Cervantes.

Já para os jornalistas, frisou que a imprensa em geral precisa refletir sobre a cobertura feita durante o mensalão. Segundo ele, é necessário que se faça uma análise para saber se a imprensa informou ou simplesmente intoxicou os leitores durante esse período. “Muitas vezes não era o fato que formava opinião, mas o espetáculo”, enfatizou o jornalista.

Multimídia:

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Saída da Globo foi decisão da emissora

Polêmica com Mainardi gera processo

Comentarista está à procura de emprego

Mídia tem o que refletir sobre caso do mensalão

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