Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 2091, publicada em 08/05/2006.


:Divulgação

Jouber Castro é calouro de jornalismo no Ielusc

Acadêmico de jornalismo expõe sua opinião sobre o evento

Lucas Balduino


O calouro de jornalismo Jouber Humberto Castro, 17 anos, foi um dos presentes no evento realizado no Bom Jesus/Ielusc. O aluno, sentado à esquerda dos palestrantes, dirigiu a primeira pergunta da noite ao convidado (Alberto Efendy Maldonado). Apesar do gosto pelos romances da literatura brasileira como Dom Casmurro, de Machado de Assis, e Terras do Sem Fim, de Jorge Amado — livro que lamenta não ter lido até o final —, o jovem comprou um exemplar de Metodologias de Pesquisa em Comunicação (Olhares, trilhas e processos), livro científico que ainda não leu, lançado na noite de quarta-feira no Bom Jesus/Ielusc.

Em entrevista feita pela web, em programa de mensagens instantâneas, Jouber falou sobre o livro e disse o que achou do debate de quarta-feira.

Está no Cafeína que você comprou um exemplar do livro lançado na quarta no Bom Jesus. Você leu? O que achou?

Não li ainda. Ele é meio “grandinho”, mas, por se tratar de um livro sobre pesquisa, pretendo ler até minha monografia. Ele é composto por textos de cada um dos professores que assinam — especialmente o Juciano e a Delia. Ele aparenta ser bastante explicativo, só que é muito direcionado para a pesquisa acadêmica, não que isso seja ruim, ele é quase que um manual de instruções para a pesquisa na academia. Ele não vem com modelos prontos e, pelos títulos dos artigos, permite uma reflexão ampla sobre a pesquisa e tudo que ela envolve. É um negócio estranho, algo como “teoria sobre a prática”.

Dentro do jornalismo tem aquela dicotomia entre teoria e prática. Até mesmo o nosso PPP [Projeto Político Pedagógico], de algum modo, cita isso. Esse livro, então, está muito mais ligado à parte teórica da comunicação?

Só o título já é paradoxo.

Você acha que se enquadra em qual dos dois lados: teoria ou prática?

Metodologias de pesquisa em comunicação é teórico, como quem diz: "Faça desse jeito que eu estou falando". Olhares, Trilhas e Processos é prático, como quem diz: "Veja o que eu estou fazendo... E faça igual".

Eu não li o livro, mas por se tratar daquelas pessoas que estavam palestrando eu subentendi que seria sobre teoria. Mas a palestra foi um pouco direcionada para a parte prática. O Efendy parece crer que todas essas coisas são indispensáveis para quem quiser se formar em comunicação (seja um teórico de comunicação ou um jornalista de buraco de rua).

Creio que o que explica essa posição é que essa palestra do Efendy foi encaixada como parte do tema transversal do semestre, no caso, adaptado: "Verdades na pesquisa em comunicação”. Verdade é uma coisa muito prática. Grandes cientistas encontraram grandes verdades pensando e estudando, mas só comprovaram quando experimentaram na realidade. Quando praticaram. Sabe a sensação que eu tive?

Qual?

Que a palestra e o debate não tinham muito a ver com o livro, era quase um pretexto. Você escolhe se usa isso ou não. É uma opinião prória. A preseça do Efendy foi muito válida para dar respaldo pro livro. A Delia e o Juaciano até tentaram levar pro lado do livro, só que era pra ser uma discussão de verdade. Era uma discussão de verdade, tinha de ser prática e foi linda no final, quando o Samuca trouxe um exemplo concreto que deu fôlego para a discussão.

Você lembra o exemplo? Dizem que foi a melhor discussão já realizada no Bom Jesus.

Era o caso do Willian Waack e de um dos dirigentes da Petrobrás, no Jornal da Globo. Quando estourou o negócio do Evo, na terça. O Evo tinha tomado as refinarias da Petrobrás no dia anterior e estava aquela dúvida sobre o fornecimento e uma possível elevação nos preços do gás. O Waack iniciou a entrevista com uma certeza, uma verdade: "O gás vai aumentar”. Ele conduziu a entrevista o tempo todo pra esse sentido, mesmo com o cara da Petrobrás dizendo que a crise da Bolívia não tinha nada a ver com o preço do gás, o qual é atrelado ao preço do petróleo — ditado longe da América do Sul. Ele queria fazer o cara dizer isso, que ele dissesse que os preços iam aumentar, mas o Waack tomou um baile em rede nacional e começou a tratar o cara com grosseria, interrompendo-o. O que o Samuca falou aqueceu a discussão nos dez minutos finais.

Do teu ponto de vista, como você descreveria o ambiente? Auditório lotado? Pessoas interessadas ou dispersas?

Tomando como exemplo um gradiente de cores: de um extremo ao outro, do branco ao preto, passando por todas as cores. Digamos que a mesa do Efendy é o branco, e quanto mais claro for, mais atenção existe. O fundo é o preto, que pode ser a ausência de atenção, mas não de disposição. O pessoal não conseguiu suportar a diversidade de sotaques de um paraibano, uma uruguaia e um equatoriano, que estudou em São Paulo, na Espanha e mora no Rio Grande do Sul. Até queriam prestar atenção, mas, eu confesso, estava difícil.

Você falou da disposição, que seria outro aspecto. Tinha mais gente disposta ou indisposta?

Tinha mais gente disposta, só que isso não significa que tenha mais gente prestando atenção e participando. Nem que seja participar ouvindo. Digo que entraram dispostas no Anfiteatro, mas perderam a disposição com o tempo.

Qual foi a pergunta que você fez? Aquela primeira? Foi respondida de acordo com aquilo que você tinha pra "sua verdade"?

O Efendy falou, quase que num rompante, que a comunicação era bastarda e um meio promíscuo, então eu quis saber o porquê. Ele satisfez a minha curiosidade. Mudou minha visão, na verdade.

Por que a comunicação é bastarda para Efendy?

Porque é uma ciência recente e sempre é muito questionada pelas demais, por não ter um objeto de pesquisa definido, por não saber se é uma ciência teórica ou prática e por não se parecer com nada, ao mesmo tempo que parece com tudo. Perante as ciências nobres, os meios de massa são como uma cultura inferior. Um filho que ninguém quer, ou então que alguns loucos assumem. Há uma promiscuidade, uns loucos assumiram a comunicação, mas os primeiros caras que fizeram isso não eram estudiosos da comunicação, eram psiquiatras, matemáticos, engenheiros, lingüistas. A comunicação é a suruba das ciências.

O que você achou das perguntas das outras pessoas? Foram válidas? Os palestrantes responderam o que eles perguntavam?

Só teve uma pergunta de acadêmico. O que o Efendy esquecia, o Juciano e a Delia complementavam. As outras foram perguntas de professores “para professores”, daí já sabe: eles se esbaldam.

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