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Matéria 2075, publicada em 05/05/2006.


Visita confirma teoria organizacional de Nelson Traquina

Lucas Balduino


Finalizando as visitas às televisões, dentro do projeto Uma Tarde na Redação, foi visitada a filial de Joinville da RBS (Rede Brasil-Sul). Autorizado o funcionamento pelo então presidente Ernesto Geisel, a TV Santa Catarina – Canal 5, de Joinville, existe desde o final de 1979. Dentro da casa é produzido material para cinco veículos ligados ao grupo RBS: Diário Catarinense (impresso), TV Com e RBS (televisão) e Rádio Atlântida e Itapema FM (rádio).

Sete profissionais atuam na produção do JA (Jornal do Almoço), mas envolvidos na produção jornalística da emissora estão onze pessoas, se for contar o comentarista esportivo Ricardo Freitas. Uma delas, a coordenadora de telejornalismo, editora e apresentadora Gislene Bastos, foi quem guiou os visitantes da Revi pelo local. Dos repórteres que lá trabalham cinco horas por dia e mais duas horas que têm de cumprir por força de contrato espera-se que produzam duas matérias por dia para TV. No estúdio, onde é gravado o JA e o RBS Notícias, que foi o palco da maior parte da conversa com Gislene, a editora falou, entre tantos assuntos, sobre os horários que são concedidos aos noticiários joinvilenses, sobre o padrão Globo de apresentar jornalismo e sobre o que significou a vinda da Rede SC (filiada ao SBT) para Joinville.

Os produtos jornalísticos da casa ganham maior destaque na TV, nos dois telejornais. Dentro do programa que vai ao ar ao meio-dia, Joinville tem 18 minutos para transmitir seus quatro blocos locais. Na parte estadual do programa, Joinville envia as matérias que têm maior relevância aos outros municípios para Florianópolis, que transmite para todo o estado. No programa noturno, que vai ao ar na “janela” entre as telenovelas das 18 horas e das 19 horas, o tempo que Joinville tem é menor: entre três minutos e cinco minutos. Esse tempo varia de acordo com a grade que a Rede Globo transmite às suas afiliadas.

Aplicando um pouco de teoria à visita, é perceptível na RBS aspectos da teoria organizacional do jornalismo, citados no livro O Estudo do Jornalismo no Século XX, de Nelson Traquina, e estudados inicialmente por Warren Breed. “Breed considera que o jornalista conforma-se mais com as normas editoriais (...) do que com quaisquer crenças pessoais que ele ou ela tivesse trazido consigo”, cita Traquina. Colocando na prática, Gislene citou que a imagem-padrão do repórter “pertence” ao meio televisivo: “Essa é uma coisa que se aprende com quem já está trabalhando no local”. Breed define isso como processo de osmose: “Basicamente, a aprendizagem da política editorial é um processo através do qual o novato descobre e interioriza os direitos e as obrigações”.

Quanto à vinda da Rede SC para Joinville, Gislene não considerou as conseqüências danosas para a RBS. Em termos de audiência, ao contrário do que falou a editora-chefe da concorrente, Adriana Fermiano, o SBT ainda não assusta. “Eles têm uma abordagem maior do município. Quando começa o GE [Globo Esporte], quem não gosta de esportes vai trocar de canal”, resume Gislene quanto à disputa entre as duas emissoras.

Pelo menos no que se refere às televisões da cidade, o projeto Uma Tarde na Redação terminou, mas seria mais justo se fosse denominado Uma Tarde com os Editores. Com exceção da TV Cidade, por onde passeamos acompanhados pela produtora Rochele Allgayer e conversamos com a administradora Thabata Cristina Maes, fomos guiados na RBS por Gislene Bastos e na Rede SC por Adriana Fermiano, ouvindo o que elas falavam e conhecendo o que elas apontavam.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.