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Matéria 2072, publicada em 04/05/2006.


RBS: muito além do glamur da telinha

Erivellto Amaranth

"Não nos falta notícia. O maior problema é escolher o que não vai ao ar", explica Gislene Bastos, 34 anos, coordenadora de jornalismo da RBS TV de Joinville, referindo-se aos pouquíssimos minutos que a TV Globo destina para suas afiliadas veicularem programação local. Este é sem dúvida um dos pontos mais fracos do canal, que possui a maior estrutura tecnológica da região. Exemplo disso é a Rede Integrada, um sistema de comunicação interno entre todas as emissoras da RBS no estado, que facilitam o envio de áudios e vídeos para a veiculação nas empresas do grupo. "Não sei te dizer qual é a tecnologia. Mas ela está disponível para nós utilizarmos", responde Gislene, quando perguntada se a transmissão dos dados era por fibra ótica.

Analisando a regulamentação trabalhista do profissional de jornalismo, percebe-se facilmente um desrespeito com os colegas dessa classe. Como a RBS é o maior conglomerado de mídia do sul do país, muitos dos profissionais têm que trabalhar para mais de um veículo. Na prática do ofício não existe a expressão "eu trabalho na RBS TV", "eu trabalho na Itapema FM".Você é contratado para produzir conteúdo para todos os meios jornalísticos. Para classificar essa condenável postura empresarial, a RBS usa o termo "multimídia". Que significa: você trabalha para o grupo de comunicação, recebe apenas uma remuneração, mas produz para todos os veículos. A empresa vai comercializar, e lucrar, em todos os três, quatro, ou cinco veículos nos quais seu trabalho será exposto. Já o jornalista só fica com o seu salário. Indagada sobre essa realidade, Gislene é enfática: "Você tem que se encarar como um profissional multimídia. Eu não sou só jornalista de TV, ou de rádio, eu tenho que dominar todos os meios".

Ao todo são dez funcionários, entre repórteres, cinegrafistas e editora, que trabalham de segunda à sexta e se revezam nos finais de semana para colocar no ar os blocos locais do Jornal do Almoço e do RBS Notícias. "Trabalhamos cinco horas, mais duas contratuais, e nos revezamos para cobrir as folgas". Essas duas horas a mais podem ser explicadas pelo fato de a legislação permitir no máximo cinco horas, e então a empresa se responsabiliza em pagar o extra. Uma prática interessante verificada na redação é que, ao contrário da maioria dos veículos, o jornalismo da RBS TV de Joinville não trabalha com as famosas reuniões de pauta. "As notícias vão acontecendo durante o dia. Dependendo da informação, o que estava programado para entrar duas horas antes do jornal ir ao ar pode mudar tudo", afirma Gislene.

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