“Fazer bem feito, com a informação completa e ouvindo os dois lados da história”, é o que Gislene Bastos, coordenadora do telejornalismo da RBS TV em Joinville, diz a respeito do objetivo do trabalho. Há quinze anos atuando em televisão e há três na RBS, a também editora deixa claro que as prioridades da emissora são: fechar os blocos locais de acordo com o tempo estimado pela Rede Globo e atender o estado com os assuntos mais importantes da região.
Na visita à TV, o pequeno estúdio exclusivo para a gravação do Jornal do Almoço (18 minutos de noticiário local) e o RBS Notícias (às 18 horas, com 3 a 4 minutos de local) serviu como sala de entrevista com Gislene. A bancada, as duas cadeiras e as fotos ampliadas com a Rua das Palmeiras e o ex-moinho Rio-grandense, compõem o cenário dos dois telejornais, um tanto entediantes, feitos para Joinville e região. “Tentamos não seguir padrão de outros telejornais”, fala a coordenadora, que afirma também não aderir a cortes de cabelo padrão Globo.
Estilos e cortes de cabelo à parte, ao meu olhar como telespectadora diária do Jornal do Almoço, percebo uma enxurrada de notas peladas (informação dada sem imagem pelo apresentador), e cobertas (dessa vez com imagens, mas sem entrevistas ou aprofundamento). Gislene explica: “Se é o que o assunto vale...”. Conclui-se que as informações dos telejornais são, muitas das vezes, não tão dignas de investigação, pesquisa, entrevista, e aprofundamento.
Mesmo sentindo essa falta de imagem, sendo que é o principal para o aparelho televisivo, a visita à RBS foi a mais interessante e com aspectos jornalísticos mais claros. Essa visão se deve, talvez, pelo fato de que ali só são produzidos telejornais, sem vendas de espaço comercial para programas terceirizados.
São dez profissionais, entre repórteres, editores, apresentadores e câmeras. As pautas são discutidas e atualizadas ao longo do dia, e o espelho do telejornal pode mudar uma hora antes de entrar ao ar se alguma novidade aparecer. Não há, segundo Gislene, descarte de informação. Se algum morador da cidade liga avisando que está sem água, eles verificam o fato com a Companhia Águas de Joinville e apuram a informação. “E não temos pautas encomendadas”, cita a editora. “Só consegue dinheiro numa empresa de comunicação se tiver audiência. Para ter audiência, precisamos ter credibilidade. Ter credibilidade é ter ética”, explica.
Quando há um evento importante em Joinville, de interesse nacional, Gislene conta que, se der tempo da equipe de Florianópolis chegar para cobrir, melhor. O motivo seria de trazer um repórter de maior bagagem. Além de comandarem o padrão, exigir o profissional, a Globo ainda determina o tempo de jornal poucas horas antes de irem ao ar. Se Gislene Bastos estivesse programada para apresentar o RBS Notícias em cinco minutos na tarde de 4 de maio, dia da nossa visita, ela teria que mudar o espelho. Quando entramos na suíte master, Gislene diz: “Este é o operador da suíte que me dá o tempo que tenho para apresentar”. Fabiano Marques imediatamente responde à apresentadora: “Aliás, hoje você tem três minutos.”