Eram 9h25. A apresentadora e editora Isabela Vargas e a repórter Rokely Pierozan entram na sala de produção de jornalismo da rede SC/SBT de Joinville. “Aqui discutimos pautas, decidimos o que faremos durante o dia e desenhamos o jornal de hoje”, avisa Adriana Fermiano, editora-chefe da emissora, ou, para ela, gerente operacional. “Jornalista não pode ter um cargo de técnica, mas criei esse nome porque é o que sou aqui”, explica. A visita baseou-se em conhecer a estrutura da TV e em acompanhar a reunião de pauta.
A rede, com 33 funcionários, parece ser bem organizada em questões estruturais. Uma ilha de edição de imagens, outra apenas de comerciais. A terceira é menor: é onde acontece a edição do telejornal SBT Meio-dia. Na sala do master, há três monitores interessantes. Um deles exibe o canal do SBT de São Paulo, outro com o sinal nacional, e o último da rede SC, em Florianópolis. Nesse ambiente ocorre o controle da programação.
Salas espaçosas e portas nomeadas. Até que uma placa, estilo rústica, desenhado em alto relevo “Tribuna do Povo”, me chama a atenção. “O Nilson Gonçalves é um terceirizado diferente. Tem sua própria sala de edição e seus arquivos guardados aqui”, fala Drica, apelido da editora-chefe que nos mostrou a TV. Aquela placa estava pregada à porta da sala especial do programa Tribuna do Povo, apresentado por Nilson às 13h. O programa é terceirizado na questão operacional, mas por ser líder de audiência as pautas são compartilhadas entre os repórteres da TV. “Há filas de patrocínio para entrar nos comerciais do programa,” fala Drica. Mas se decidirem encher de propaganda, a TV fica prejudicada. “As pessoas podem trocar de canal nesta hora e assistir o jornal da RBS”, acrescenta ela que assiste aos jornais da Globo para ver se não perdeu alguma informação.
Voltando à reunião de pauta. Patrício Destro, apresentador do único telejornal da TV, chega dez minutos atrasado. Até então, Drica, incrivelmente informada de tudo, comandou a reunião e começou a montar o jornal. Dois blocos de notícia, dois de esporte e um chamado “comunidade”. Patrício e Isabela apresentam o jornal. José Carlos Forner apresenta o último bloco. As pautas são definidas no dia anterior e feitas no outro dia de manhã. Uma pauta urgente é acrescentada na reunião, e o repórter Patrício sai para gravá-la. Isabela dá mais umas dicas de pauta para os próximos jornais e Drica anota para fazer o agendamento.
A editora diz não gostar de apelação nos programas. “Não gosto de sangue, mas é líder de audiência”, diz, referindo-se ao programa Tribuna do Povo. Antes de terminar a reunião, ela avisa a equipe que colocará no roteiro de José Carlos um “abraço às empregadas domésticas, já que hoje é o dia delas”. Olha mais alguns papéis. As repórteres não param de anotar. “Essa pauta vai para o Tribuna”, solta ela mais uma vez. “Gasolina, acidente de carro, notas... O bloco comunidade vai ter cinco VTs. Certo, estou fechando o espelho”, finaliza, às 10 horas.
Nossa visita chega ao fim quando Drica fala apressada e levanta para dar seguimento ao telejornal. “De manhã aqui é uma correria. À tarde é um silêncio total”, diz. Na porta da recepção, ela ainda comenta a dificuldade que o SBT enfrenta na procura de profissionais. “É uma pena que somos obrigados a colocar só pessoas formadas”, confessa. “Aqui na TV tem profissionais de outras cidades. Em Joinville não se encontra”.
Precisamos mostrar as caras. Porque em Joinville há pessoas interessadas em TV, sim. Talvez estas ainda não tiveram uma oportunidade para mostrar isso. Fiquei decepcionada com as últimas frases da editora. Até então estava contente com a visita.