“Oi, amores, podem entrar”. Foi assim que fomos recepcionados no SBT pela gerente operacional Adriana Fermiano. Ao contrário da TV Cidade, que tem sede em uma casa, a Rede SC é localizada em um prédio e tem estrutura de emissora de verdade. Os quatro bolsistas e mais a professora Izani Mustafá, depois de caírem da cama (a visita estava marcada para as nove), foram bem recebidos no local. É engraçado. Todo mundo parece que trabalha feliz lá.
Guiados pela falante Adriana — mais conhecida como Drica — conhecemos o único estúdio da emissora. Nele são gravados três programas: SBT Meio-Dia, Tribuna do Povo e Ponto de Fé. Diferentemente da TV Cidade, que não tem jornalismo, o ponto forte do SBT é informar localmente. “O jornal não é líder de audiência ainda. Mas o Nilson Gonçalves lidera sozinho no horário”, declara a nossa guia.
Depois do estúdio, passamos no camarim. A equipe dispõe de um camarim espaçoso, repleto de roupas e com duas cabeleireiras que ajudam os profissionais a se arrumar. Falando em profissionais, os repórteres da emissora fazem tudo. Tanto trabalhos na rua quanto no estúdio. Eles só não operam máquinas.
E o nosso passeio segue pelas ilhas de edição, pelas salas de produção e de master. São duas ilhas de edição, uma para propagandas e vinhetas e outra para o jornalismo. A sala de master é a mais importante. De lá, se mantém comunicação com a emissora de São Paulo, monitora-se o sinal, enfim, como enfatiza Drica: “Aqui não pode parar. Se parar...”
Logo depois, vimos a sala de produção do Tribuna do Povo. Nilson Gonçalves tem a própria equipe, a própria ilha de edição e só utiliza o espaço físico da emissora. É um trabalho terceirizado, mas, segundo Adriana, um “terceirizado diferente”. Afinal, ele não traz o produto pronto. Quanto ao programa, ela ainda diz que o apresentador “apela muito”, mas que não pode fazer nada porque ele é líder de audiência. “Ele utiliza muitas imagens fortes. Mas eu não posso falar nada. Ele lidera”, confessa a gerente operacional e editora-chefe da Rede SC.
A última parada foi a sala da editora-chefe para a reunião de pauta. Adriana Fermiano, a repórter Rokely Pierozan e a editora Isabela Vargas discutiam o que iria ao ar no jornal do meio-dia. Entre toques de telefone, entra e sai de pessoas, as três definiam o espelho do jornal — um esquema para organizar a seqüência das matérias. Nesse momento, as matérias já devem estar prontas ou sendo produzidas, pois foram selecionadas no dia anterior. Quando a reunião chega ao fim, perto das 10h, o “horário morno”, em que tudo é paz na emissora, acabou. Drica verifica o relógio do computador e fala: “Posso dizer que estamos mais que atrasados”.
A implantação da emissora em Joinville se deu em 31 de julho de 2000. Eles contam com uma equipe de 33 pessoas. Desses, cinco repórteres, quatro cinegrafistas, uma pauteira e duas editoras, uma de jornal e outra de vídeo compõe o time jornalístico. Após a reunião de pauta, ainda passamos pela área administrativa. Mas chega de atrapalhar a atarefada Drica. É hora de ir embora.
Deixando para trás a agitação da redação, a correria por pautas e fontes, acabo refletindo sobre as diferenças das emissoras. E não falo de tamanho, estrutura e coisas físicas, mas sim de linha editorial e missão a cumprir. Enquanto a TV Cidade aceita quem paga pelo espaço e não tem um jornal, a Rede SC tem seu forte no jornalismo e visa sempre à informação. É isso e a busca pela melhora — com o intuito de derrotar a concorrência — que contribuem para a criação de um cenário jornalístico de boa qualidade.