Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 2042, publicada em 25/04/2006.


:Leonel Camasão

Cenário do programa Som da Gente, gravado no estúdio 2

Por dentro da TV Cidade

Lucas Balduino


É por uma rampa de calçamento, ladeada por um muro azul e pelo jardim bem tratado, o qual se estende por toda a frente da propriedade, que se tem acesso à casa azul, de portas e janelas brancas e arquitetura germânica, sede da TV Cidade de Joinville. Logo na entrada, a recepcionista nos aponta a sala de espera. Já são 15 horas — horário marcado para nossa visita à emissora.

A TV Cidade é uma televisão de canal fechado. Sua programação se estende das 18h30 a 1 hora — durante a semana —, conforme podia ser observado no monitor que estampava seu quadro de horário na sala de espera. O local aparentava ter 15 metros quadrados e a partir dele poderia se tomar cinco rumos diferentes (eram cinco as portas que se encravavam nas paredes brancas do hall).

A primeira porta a deixar de ser mistério era a do camarim. Um cubículo de oito metros quadrados que abrigava dois espelhos, uma arara (com cerca de dez cabides suspendendo roupas e outros dez sem roupas) e também um secador de cabelo — daqueles que se vê nos salões de cabeleireiros.

Então, foi a vez do estúdio 1. Sala ampla, de revestimento acústico, onde são gravados quatro programas: Jornal da Câmara, Encontro com a Imprensa, Revista Esportiva e Palavra Livre. Dentro dela, com uma olhada superficial, era possível observar um teleprompter, um monitor, três câmeras, o ar-condicionado branco — que destoava da cor escura do revestimento das paredes — e os cenários dos programas gravados lá.

Duas portas não chamavam tanto atenção, provavelmente, por se tratar de banheiros. Não houve interesse de entrar neles. A última porta, porém, foi a que mais despertou curiosidade: a sala da switcher. Swichter é a mesa onde se faz o corte do material das fontes, o qual será repassado aos telespectadores. O cinegrafista, operador de switcher e master de 22 anos, Douglas Rodrigo de Sousa, foi quem nos explicou, de maneira geral, sobre o funcionamento dos aparatos. Fomos apresentados aos compressores de áudio, à ilha de edição, ao distribuidor de vídeo e de áudio, e a todos aqueles outros equipamentos que preenchiam a sala de aproximadamente 15 metros quadrados (organizados pelo ambiente estreito e comprido).

Após isso, fomos conduzidos ao estúdio 2 — aparentemente o maior deles. O ambiente, onde é gravado o programa de calouros Som da Gente, parecia ter de 60 metros quadrados para mais. As paredes (três lados) estavam cobertas por cortinas brancas, as quais escondiam os quadros que figuravam como cenário. Do teto, pendiam dois microfones e 36 lâmpadas fluorescentes, combinadas de modo a ficar quatro lâmpadas por suporte.

No caminho de volta à sala de espera, paramos na switcher para ver como é o funcionamento em horário de trabalho. Estava sendo gravado naquele instante o Encontro com a Imprensa, apresentado por Luiz Veríssimo, Beto Gebaili e Antonio Neves. Antes do início da gravação pudemos ouvir da ilha de edição as piadas feitas à acadêmica Bruna Nicolao, quando ela foi tirar foto dos três apresentadores:

— Se essa foto sair na imprensa marrom saberemos quem foi. Esses jornais pés-de-chinelo — disse Gebailli, em tom jocoso.

— Essa vai pro Primeira Pauta — afirmou Veríssimo, fazendo referência ao jornal-laboratório produzido no Bom Jesus/Ielusc.

Assistimos até o início do segundo bloco, momento em que fomos conversar com a administradora da TV Cidade, Thabata Cristina Maes. O papo se estendeu por quase 30 minutos na sala de reunião da emissora. Apesar de pequeno (uns 12 metros quadrados), o ambiente conseguiu abrigar os seis bolsistas da Revi, a coordenadora da Revi Izani Mustafá e Thabata. Além das pessoas, havia uma mesa redonda — posicionada no centro — circundada por quatro poltronas, um vaso de plantas, duas poltronas brancas encostadas na parede de mesma cor e um quadro que exibia duas formas celestes: o sol e a lua.

Thabata, vestida de blusa bege com estampa do Garfield, calça jeans e sapato bege de bico fino, falou, entre outras coisas, sobre quanto custaria um horário na programação para um hipotético programa gravado por acadêmicos do Ielusc, entregue pronto para exibição: “Vendemos meia hora por R$ 1.000,00, podendo ser passadas duas reprises”. Ainda com sua atenção voltada para nós, a administradora revelou, com o fundo musical “Pretty fly for a white guy”, música da banda americana Offspring — som possivelmente vindo do vizinho —, que o programa de maior audiência da televisão é o Revista Esportiva, apresentado de segunda à sexta-feira, às 19h15. Ela ainda explicou a diferença que há entre a reprodução na NET e na Viamax (operadoras de TV por assinatura), contextualizando a explanação principalmente no patamar financeiro: “Na NET é muito caro para nós, por isso começamos às 18h30”.

Às 16h37, o telefone da administradora da TV tocou, anunciando o fim da nossa visita. Para finalizar, conhecemos o andar superior da casa, onde se localizam duas salas de produção que possuem, somadas, três ilhas de edição. Enquanto nos preparávamos para partir, Thabata saiu em direção ao seu Audi A3. Era a hora de voltar para a redação da Revi.

“Era isso?”, foi o que o coordenador da Revi Sílvio Melatti perguntou a respeito de nossa visão sobre a produção jornalística da TV Cidade. Eram essas nossas expectativas? De fato, a TV Cidade está longe de ser o que sonhei de uma emissora que tem como principal produto “a notícia”. Afinal, não é esse o principal produto da emissora que, pelo que me parece, é o próprio horário. Basta chegar lá com o produto pronto e pagar o preço pelo horário ou, se preferir, gravar nos estúdios do canal 20 da NET, pagando um pouco mais que o programa vai ao ar.

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