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Matéria 2028, publicada em 18/04/2006.


:Lygia Veny

Vital Poffo virou personagem do livro "Me leva Brasil" por ter decorado a Constituição

Deu no Fantástico: joinvilense decora a Constituição

Lygia Veny


Talvez um gênio, talvez um louco. Como ele mesmo diz, “quem conhece, sabe”. Formado em letras e professor há 25 anos, Vital Poffo, 66 anos, é um exemplo de dedicação. Além de lecionar, desde 1991 é articulista do jornal A Notícia, onde tem publicado mais de 90 artigos, a maioria sobre correções gramaticais. Hoje publica um artigo por mês. Mesmo não dando aula – sua maior paixão –, Poffo deu um jeito de continuar trabalhando na área de educação: atualmente é diretor da Escola de Educação Básica Olavo Bilac, em Pirabeiraba.

De família simples, natural de Ascurra (planalto norte do estado), Vital teve uma educação rigorosa. Na mesma cidade que nasceu, estudou no Colégio São Paulo. Depois no Colégio São Manuel, em Lavrinhas (SP) e no Instituto Coração Eucarístico em Pindamonhangaba (SP), ambos coordenados por padres. Aprendeu literatura, filosofia, latim, ortografia e leu muitos livros. Em busca de oportunidades, veio para Joinville em 1964 e em 69 ingressou na faculdade da Univille. Porém, frustrou-se em alguns momentos do curso. “A educação que tive no colégio dos padres foi muito rica e muito mais rigorosa que a faculdade. Esperava mais do curso”, comenta.

Verdadeiro devorador de livros, o eterno professor fazia da sala de aula um lugar agradável aos alunos, inclusive àqueles que não gostavam de português. Afirma ter tido alunos que odiavam português, mas mudaram de idéia. Não pela matéria, mas pelo professor, que “tem por obrigação atrair os alunos”.

Hoje Vital procura ser um diretor participativo. Aconselha os alunos e mantém um diálogo aberto com eles. A escola que administra foi uma das quatro ganhadoras do Prêmio Embraco de Ecologia em 2005, na categoria semente. Vital não se considera um gênio na educação e sim um aprendiz. “Não sou uma enciclopédia ambulante. Me esforcei muito para obter conhecimento, o qual compartilhei com meus alunos. Me realizei como professor, mas não é fácil administrar um colégio.”

Ao ser transferido para área de recursos humanos numa empresa que trabalhava, Poffo sentiu ociosidade na nova função. Para ocupar o tempo, teve a idéia de decorar a Constituição brasileira, com o objetivo de fazer algo diferente, que pudesse ajudar algumas pessoas a entender seus direitos. Ele afirma não ter usado método memorização.

A idéia foi transformada em projeto. Vital pretende implantar em escolas, palestras e estudos sobre a Constituição, a fim de esclarecer os direitos dos cidadãos. Segundo ele, decorar os artigos da Carta Magna foi um exercício de conhecer as palavras. “Minha memória não é tão boa, e não tenho memória fotográfica. Mesmo assim decorei a Constituição. Não sei se sou louco ou gênio”, esclarece.

Dono de tal proeza, Vital acabou virando um dos personagens do livro “Me leva Brasil”, do jornalista Maurício Kubrusly. Como isso aconteceu, ele ainda não sabe. Certo dia, Poffo recebeu uma ligação da produção do programa e foi informado que um homem chamado César – por sinal um desconhecido – o indicou.

Kubrusly agendou uma visita na casa de Vital em abril de 2002. O jornal AN foi chamado para fazer a cobertura. Eram 19 horas e nada do Kubrusly. Achando que era trote, os jornalistas foram embora. Meia hora depois, chegava a produção do programa para gravar com o “homem da Constituição”. O episódio foi ao ar no programa Fantástico apenas em agosto de 2004.

Feita a gravação, Vital pensou que poderia ser criticado. “Fiquei com receio de que a matéria não me valorizasse e me escrachasse. Afinal, um homem com a minha idade, decorar a Constituição...” Hoje, Poffo é reconhecido, tanto que já foi convidado por alunos do 1º e 2º de direito da Univille para palestrar sobre a Constituição. No evento, os alunos pediram autógrafo na carta magna.

Multimídia

> Veja Vital Poffo recitando o artigo sétimo da Constituição.

> Ouça o professor explicando como fez para decorar a Carta Magna.

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