Um sofá estampado e uma poltrona. Espaços marcados para a estrela da noite de 25 de março. Tapete claro combinando com a decoração. Na mesa, cinco livros dão esperança a quem ainda não os possui. Cento e trinta e três cadeiras estofadas aguardam a platéia. É cedo, ninguém chegou ainda.

17h30 - Aos poucos o público vai entrando. Recepcionados por três garotas, escolhem o lugar que mais os atrai. Na primeira fila senta uma família inteira. Homem, mulher, duas crianças e um bebê. Crianças? O número delas num evento como esse impressiona, ao total são 12. Mais tarde são obrigadas a sentar no colo dos pais, falta cadeira para pessoas mais velhas.

17h55 - Agora a platéia já está cheia. Lá no meio uma senhora chama a atenção. Com um vestido verde de bolinhas azul-marinho, bem penteada e maquiada, é a mais idosa do local, pelo menos aparentemente. Uma moça começa a puxar conversa. Fala meio enrolado, sotaque mineiro. Está ansiosa para conhecer Denise Fraga. Já leu o livro inteiro. Adora ir a shows e conhecer artistas.

18h07 - A atriz desce pela escada rolante, escoltada por dois seguranças. As pessoas cochicham, sussurram. E a menina que se dizia fã e que havia lido o livro inteiro, pergunta: “É ela?”.

Denise, sempre sorridente, adivinhou a decoração do local. O vestido bege veio completar o quadro. A música aumenta e ela adentra o recinto, cumprimentando e distribuindo sorrisos a todos. O bebê da primeira fila merece atenção especial. “Que coisinha mais linda”, exclama a artista fazendo careta.

Ela senta no sofá errado. A poltrona floreada está reservada para ela. Apesar de ser atriz, percebe-se que está nervosa. Mesmo com vestido, não cruza as pernas. Os homens na platéia eram poucos, não importa muito. “Quanta gente! Isso dá um medo!”, diz ela, enquanto o apresentador do evento anuncia os patrocinadores.

Os flashes não param. E o discurso do apresentador também não. Quando ele acaba, Denise desabafa: “Até que enfim, tava louca pra falar”.

Os privilegiados estão confortavelmente sentados nas cadeiras estofadas. Quem não tinha convite teve que ficar em pé, atrás do cordão de isolamento. Outros deram um jeito e se espremeram na sacada do terceiro piso. O fato é que, conhecendo ou não, todos queriam ver o que estava acontecendo. Queriam saber quem era a maluca que falava alto e dava gargalhadas sem parar.

O evento foi organizado para divulgar o livro "Retrato Falado – Histórias Fantásticas da Vida Real". É uma conversa informal, o público pode fazer perguntas a Denise. As curiosidades são, na maioria, sobre a vida pessoal. Mas há quem pergunte sobre o livro ou o programa. E o apresentador sempre pedindo para que conte algum “retrato falado”. É incrível, mesmo não tendo contato com os personagens reais dos relatos, ela sabe o nome de todos de cor.

O livro contém uma história pessoal. Ao invés de contar, ela lê o relato na íntegra. Atrapalhada e distraída, como se define, não consegue localizar a página. Denise se atrapalha com o microfone e, para poder achar de uma vez a parte que quer, põe o aparelho debaixo do braço, solta uma risada e, enfim, encontra a página. Quando termina de ler, enche o copo com água mineral e toma tudo de uma vez, esperando a próxima pergunta.

A cada história relatada, a cada pergunta respondida, sempre tinha uma brincadeira. O público ria mais de suas atitudes do que das piadas. A cada gargalhada, Denise se esticava na poltrona e levantava as pernas, sem se importar para onde as pessoas estariam olhando.

19h12 – O apresentador precisa interromper a atriz. Ela não pára de falar, se empolga com as perguntas e vai emendando um assunto ao outro. Mas é o fim. Denise precisa sair para autografar livros na Livrarias Curitiba. Ela pega a bolsa preta de bolinhas azuis e amarelas e sai pelo lado direito, novamente acompanhada por dois seguranças. Enquanto isso, os sortudos que ganharam os livros – expostos na mesa - no sorteio, se apertam para recebê-los. Outros fãs calorosos ainda tentam conseguir chegar um pouco mais perto da atriz. Mas Denise já foi. Está no elevador panorâmico, abanando para quem ficou lá embaixo.