Ao caminhar no pátio do Ielusc, uma moça toda de branco atrai olhares.
Vestindo hábito e véu de noviça, Fabiana Aparecida Cândido, 27 anos, conta que
desde os 14 anos sabia que queria ser freira. Natural de São Paulo, mudou-se
para Joinville a mando da Igreja Católica para juntar-se à comunidade religiosa
São José do Sul, no bairro Boa Vista. Mora no Hospital Regional Hans Dieter
Schimidt, onde presta serviços cuidando de doentes.
Estudante do segundo ano de enfermagem, ela comparece às aulas com a roupa
branca, a qual só tira para tomar banho e dormir. “Sinto muito calor, mas o
organismo se acostuma”, argumenta. A Congregação das Missionárias de Maria
Imaculada, há 22 anos instalada no hospital, costuma usar o hábito branco em
toda a programação diária.
Elas são em 13. Cada uma tem uma função diferente. Algumas são enfermeiras,
outras técnicas em enfermagem, assistentes sociais, nutricionistas ou apenas
irmãs, ainda novas, que não escolheram uma área específica de estudo para atuar
no hospital. O horário de pôr o pé fora da cama é cinco da manhã. Em seguida,
fazem o café e oram até as sete horas. Depois, cada uma segue as suas tarefas no
hospital. Fabiana vai para a faculdade. No pouco tempo que resta entre as aulas
da manhã e da tarde, corre para cuidar dos pacientes. Ao retornar para casa,
mais duas horas de oração para renovação dos votos. Após 19 horas começa a
recreação. Trabalhos manuais, conversas e uma parada para assistir telejornais.
Fabiana aproveita esse tempo para pôr em dia os trabalhos da faculdade. O curso
de enfermagem é pago pela congregação.
Existem oito congregações do Instituto das Missionárias de Maria Imaculada
por todo o Estado de Santa Catarina prestando serviço para a comunidade. As
coordenadoras de cada congregação chamam as irmãs para qualquer parte do Brasil
quando necessitam de mais apoio. São 27 no Brasil inteiro. Fabiana parou em
Joinville. “Eu era feliz com minha mãe e minhas irmãs em São Paulo, mas aqui
tenho nova família e sou muito mais feliz”, conta, sorrindo.
Desde os 14 anos a irmã sabia que queria ser freira. O pai faleceu quando ela
tinha cinco anos. Ele era marceneiro e a mãe é dona de casa. Freqüentadoras da
Igreja Católica, a mãe e as irmãs aceitaram tranqüilamente a decisão da filha.
Ela e mais as cinco irmãs visitavam congregações conhecendo o trabalho das
freiras. Das cinco, só ela, a caçula, quis seguir a vocação religiosa. As outras
casaram e tiveram filhos.
“Eu senti a vocação. Se você não sente, não é pra ser e não dá certo,” diz a
missionária. Assim como foi na enfermagem. “Quero terminar este curso e fazer
fisioterapia ainda.” Entre objetivos na faculdade e metas com o hospital,
Fabiana acalenta um sonho. “Como toda a irmã, quero alcançar a santidade,”
afirma. “Não quero ser perfeita, porque não somos perfeitos. Mas, estar sempre
dentro da vontade de Deus,” complementa.
De ano em ano as irmãs renovam os votos. E após dez anos Fabiana recebeu uma
aliança de compromisso com a igreja. No hospital, as religiosas também realizam
casamentos com os internados, batismos e primeira comunhão. Abrem as portas para
todas as religiões conversarem com os pacientes. “Eu sou muito mente aberta às
outras religiões. Respeito e também sou respeitada. Fui bem acolhida tanto pelos
meus colegas de aula quanto pelas pessoas do hospital”, diz a irmã. “Não sou
ninguém para julgar. Se a pessoa está buscando Deus, tudo bem, ele é o mesmo
para todo mundo”, finaliza.