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Matéria 1862, publicada em 23/03/2006.


:Bruna Nicolao

Irmã Fabiana na biblioteca do Ielusc

Uma noviça entre os estudantes

Bruna Nicolao

Ao caminhar no pátio do Ielusc, uma moça toda de branco atrai olhares. Vestindo hábito e véu de noviça, Fabiana Aparecida Cândido, 27 anos, conta que desde os 14 anos sabia que queria ser freira. Natural de São Paulo, mudou-se para Joinville a mando da Igreja Católica para juntar-se à comunidade religiosa São José do Sul, no bairro Boa Vista. Mora no Hospital Regional Hans Dieter Schimidt, onde presta serviços cuidando de doentes.

Estudante do segundo ano de enfermagem, ela comparece às aulas com a roupa branca, a qual só tira para tomar banho e dormir. “Sinto muito calor, mas o organismo se acostuma”, argumenta. A Congregação das Missionárias de Maria Imaculada, há 22 anos instalada no hospital, costuma usar o hábito branco em toda a programação diária.

Elas são em 13. Cada uma tem uma função diferente. Algumas são enfermeiras, outras técnicas em enfermagem, assistentes sociais, nutricionistas ou apenas irmãs, ainda novas, que não escolheram uma área específica de estudo para atuar no hospital. O horário de pôr o pé fora da cama é cinco da manhã. Em seguida, fazem o café e oram até as sete horas. Depois, cada uma segue as suas tarefas no hospital. Fabiana vai para a faculdade. No pouco tempo que resta entre as aulas da manhã e da tarde, corre para cuidar dos pacientes. Ao retornar para casa, mais duas horas de oração para renovação dos votos. Após 19 horas começa a recreação. Trabalhos manuais, conversas e uma parada para assistir telejornais. Fabiana aproveita esse tempo para pôr em dia os trabalhos da faculdade. O curso de enfermagem é pago pela congregação.

Existem oito congregações do Instituto das Missionárias de Maria Imaculada por todo o Estado de Santa Catarina prestando serviço para a comunidade. As coordenadoras de cada congregação chamam as irmãs para qualquer parte do Brasil quando necessitam de mais apoio. São 27 no Brasil inteiro. Fabiana parou em Joinville. “Eu era feliz com minha mãe e minhas irmãs em São Paulo, mas aqui tenho nova família e sou muito mais feliz”, conta, sorrindo.

Desde os 14 anos a irmã sabia que queria ser freira. O pai faleceu quando ela tinha cinco anos. Ele era marceneiro e a mãe é dona de casa. Freqüentadoras da Igreja Católica, a mãe e as irmãs aceitaram tranqüilamente a decisão da filha. Ela e mais as cinco irmãs visitavam congregações conhecendo o trabalho das freiras. Das cinco, só ela, a caçula, quis seguir a vocação religiosa. As outras casaram e tiveram filhos.

“Eu senti a vocação. Se você não sente, não é pra ser e não dá certo,” diz a missionária. Assim como foi na enfermagem. “Quero terminar este curso e fazer fisioterapia ainda.” Entre objetivos na faculdade e metas com o hospital, Fabiana acalenta um sonho. “Como toda a irmã, quero alcançar a santidade,” afirma. “Não quero ser perfeita, porque não somos perfeitos. Mas, estar sempre dentro da vontade de Deus,” complementa.

De ano em ano as irmãs renovam os votos. E após dez anos Fabiana recebeu uma aliança de compromisso com a igreja. No hospital, as religiosas também realizam casamentos com os internados, batismos e primeira comunhão. Abrem as portas para todas as religiões conversarem com os pacientes. “Eu sou muito mente aberta às outras religiões. Respeito e também sou respeitada. Fui bem acolhida tanto pelos meus colegas de aula quanto pelas pessoas do hospital”, diz a irmã. “Não sou ninguém para julgar. Se a pessoa está buscando Deus, tudo bem, ele é o mesmo para todo mundo”, finaliza.

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